Dallas, Basket e muito mais
 
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Dallas, Basket e muito mais

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Nuno TavaresNuno Tavares já se encontra em Dallas, estado do Texas (EUA), onde o seu sonho ganha vida e uma nova experiência se torna realidade.

O jovem treinador português vai fazer parte de duas equipas técnicas norte-americanas, naquela que é uma oportunidade única para acompanhar bem de perto a forma de trabalhar e de estar no basquetebol nos EUA. Claro que o Planeta Basket não quer deixar passar esta oportunidade para partilhar com os seus leitores esta experiência fantástica para um treinador português e como tal, convidámo-lo para partilhar com os nossos leitores esta sua experiência na primeira pessoa, contando-nos de tudo um pouco sobre a realidade da modalidade que ele irá encontrar em solo americano. Será que ele aceita o nosso desafio?


Olá, Nuno. Já chegaste a Dallas? Como correu a viagem e quais foram as tuas primeiras impressões na chegada aos EUA?
Olá, cheguei a Dallas na quarta feira dia 26 de Setembro. A viagem correu bem embora longa, são 11 horas de viagem directa, como houve um problema mecânico ainda fiquei mais 3 horas sentado no avião antes de partir mas como quem corre por gosto não se cansa, podia até ter demorado 24 horas que eu iria sempre esperar. As primeiras impressões de Dallas é de uma cidade com um clima muito quente e abafado mesmo de noite. Existe aqui um ditado que diz que tudo é muito maior no Texas e apercebi-me logo em termos de estradas, carros e casas.

O que significa para ti estar na “meca” do basquetebol?
Significa especialmente recordar todo o trabalho que tenho vindo a desenvolver até agora, todas as horas que abdiquei durante estes últimos 14 anos de fazer certas coisas para puder dar ao basquetebol, alturas de alguma frustração, muitas duvidas sobre se este seria o caminho certo e especialmente significa lembrar uma frase conhecida “nunca desistas de ir atrás dos teus sonhos”. Estar aqui é o mesmo que receber um presente quando somos pequeninos, é viver aquilo que sempre vimos na televisão, lemos nas revistas e comentamos com os nossos amigos. Encaro com orgulho mas acima de tudo com muita responsabilidade porque sei que existem muitas pessoas que confiaram em mim, que esperam que eu lhes dê também um pouco disto a elas, quero levar esta época para Portugal e partilhar com todas as pessoas pois só assim faz sentido.

O estado do Texas tem três dos mais fortes conjuntos da NBA e é tradicionalmente um estado muito virado para o basquetebol. O que nos podes contar acerca da influência do basket na comunidade texana?
O desporto no Texas é levado muito a sério por estas bandas. Quando em 2008 trabalhei em HighPoint na Carolina do Norte, disseram-me que existem dois estados por excelência em relação ao basquetebol, Carolina do Norte e Kentucky mas que o Texas era de longe o que melhores atletas tinha e que mais viva o desporto. É o único a ter 3 equipas na NBA e isso diz muito da paixão dos seus habitantes pelo jogo. Dos treinos que já dei, e de um torneio que já fui ver notei a enorme paixão pelo jogo, e sendo um estado do sul mas estando no centro do pais permite a estar perto de todos as universidade o que dá uma grande vantagem em termos escolha tanto para atletas como para as universidades.

Fala nos um pouco do Liceu Trinity Christian em Dallas. O que vais fazer? Como é constituído o staff técnico? E como é a organização à volta da equipa?
O liceu Trinity Christian é uma escola privada enorme que tem alunos desde a pré-primária até ao 12º e a sua igreja é uma das maiores do estado do Texas. A igreja é um ex-líbris da comunidade de Dallas pois foi construída à poucos anos e custou mais de 10 milhões de dólares. A minha função vai ser de treinador adjunto/coordenador defensivo ou seja, irei ser responsável por toda a sua parte defensiva. O Staff técnico é constituído pelo treinador principal, Chad Wilkerson, mais 2 treinadores adjuntos, um preparador físico e dois alunos da escola que irão ter como funções toda a parte logística bem como a de vídeo e estatística

A organização à volta da equipa é excelente, pois a equipa tem um grande apoio da comunidade sendo o seu pavilhão considerado um dos melhores pavilhões do estado do Texas em termos de liceu. Tenho o meu próprio gabinete para trabalhar com vista para o campo de jogo, temos um director desportivo muito entusiasta em relação ao programa de basquetebol e a directora da escola é uma grande adepta da modalidade e, acima de tudo, sinto que a minha posição de treinador é muito respeitada por todos à minha volta.

É sem qualquer dúvida uma honra para um treinador português ser coordenador defensivo num liceu Norte-americano. O que estás a planear fazer e como pretendes desenvolver o teu trabalho?
Primeiro irei durante esta semana avaliar cada jogador da equipa para depois começar a criar uma filosofia defensiva mediante as características técnicas, físicas e a sua personalidade. Depois de o fazer pretendo começar a criar linhas gerais orientadoras para a equipa em geral em termos de defesa colectiva para começar a particularizar a cada jogador ou para os jogadores interiores e exteriores. Como ainda falta mais de um mes para começar o campeonato, teremos muito tempo para desenvolver uma mentalidade colectiva defensiva mas passa acima de tudo em potencializar aquilo que eles já sabem fazer e trouxeram de trás e ensinar e desenvolver o que estiver menos bem, e claro, por o meu cunho pessoal alicerçado no que acredito como treinador, mas percebendo sempre a cultura à minha volta.

A Universidade de Northwood está na divisão A. O que nos podes dizer sobre esta Universidade e que funções lá irás assumir?
A Universidade de Northwood é uma instituição com grande reputação académica que forma dos melhores alunos em gestão e economia no estado do Texas. Tem três campos universitários, na Florida, no Michigan e Texas. A equipa  de basquetebol é constituída por 2 equipas, a Júnior Vasitty (jogadores mais novos de 1º e 2º ano que estão ainda em desenvolvimento técnico e táctico) e a equipa Varsity ( constituída por jogares mais completos e de todos os 4 anos de universidade), sendo esta ultima a equipa principal. Aqui irei desempenhar o papel de treinador adjunto, ou seja, irei ter participação activa no processo de treino, estando encarrego de trabalhar os jogadores exteriores em termos individuais e farei também “advance scouting” querendo isto dizer que irei passar algum tempo a ver jogos de outras equipas no qual iremos jogar contra, elaborando relatórios sobre as mesmas.

Vais trabalhar como treinador adjunto tanto no Liceu Trinty Christian como na Universidade de Northwood. Como pretendes conciliar os dois cargos?
Numa primeira fase vinha só assumir o cargo de treinador adjunto e coordenador defensivo do liceu de Trinity, entretanto a universidade de Northwood  nomeou um novo treinador que conheci a quando a minha passagem pela Carolina do Norte e quando  este soube que viria para Dallas endereçou-me o convite no qual, depois de confirmar que poderia conciliar, não hesitei em aceitar.

A maneira como consigo conciliar acaba por fazer de mim um treinador a tempo inteiro, ou seja, a universidade tem horas de treino mais flexível sendo estas sempre de manhã e ao inicio da tarde, enquanto o liceu treina sempre depois das suas aulas acabarem o que é por volta das 15:30, sendo assim, dou treinos e estou envolvido no basquetebol e em diferentes parte do mesmo mais de 12 horas por dia, sendo que quando os jogos começarem irei ter entre 4 a 5 jogos por semana.

Qual é principal diferença entre o basquetebol universitário e o do liceu?
A principal diferença prende-se com a qualidade do aspecto técnico e táctico, ou seja, o desporto de liceu tem o seu ano lectivo com diferentes alturas desportivas, estando nós agora na parte da época do futebol americano o que faz com que as equipas de basquetebol não possam treinar até dia 15 de Outubro, começando a época no inicio de Novembro. Isto faz com que não existe muito tempo para treinar até o chegar o primeiro jogo, tornando assim as equipas com uma intensidade muito grande mas pouco conteúdo táctico e de fundamentos de ataque e defesa, sendo que o universo de jogadores é muito maior porque alem de existirem mais escolas, existe mais oportunidades para mais alunos praticar a modalidade.

O basquetebol universitário é diferente, começando logo pelo facto que a época começa muito mais cedo logo existe muito tempo para treinar antes do primeiro jogo, depois as equipas são constituídas por jogadores escolhidos com mais cuidado logo a qualidade técnica e táctica dos mesmos é muito maior, dando mais qualidade ao jogo.

Achas que há jovens portugueses com potencial e capacidades para integrar equipas norte-americanas do liceu e da universidade?
Sem duvida, especialmente de liceu, sendo depois mais fácil de fazer uma transição para a universidade. O basquetebol europeu de formação (até aos sub-18) é muito mais evoluído em termos tácticos do que o norte-americano, com melhor ocupação dos espaços, melhores leituras de jogo em termos colectivos. A grande mais valia do norte-americano é algo que já referi num artigo neste mesmo site, ou seja, a sua prática informal pelos milhares campos de rua que aqui existem, onde os jovens levam horas e horas a jogar o que lhe dá uma rapidez de jogo incrível. Outra das mais valias, e que é uma discussão recorrente, é a grande diversidade de pratica desportiva que um jovem aqui tem, jogando durante o ano vários desportos o que desenvolve a sua componente neuro-muscular.

O jogador português de formação tem muito valor mas encontra-se numa cultura e sistema que não permite desenvolver as suas capacidades, alem disso por vezes não percebe que o caminho para se tornar um grande jogador é longo e com muitas etapas, sendo que este caminho não acaba só porque se tornou jogador sénior numa idade mais precoce. Na minha opinião existem muitos jovens com grande potencial e com condições físicas, técnicas e monetárias para vir para os Estados Unidos mas perdem-se em promessas que, estarão cá quando um dia voltarem mas que ao aceitar no imediato irá fazer com que a sua natural evolução seja viciada e interrompida. Estarei mais que disponível a ajudar todos que ambicionam um dia a vir para cá formar-se com atletas mas especialmente como pessoas.

O grande dilema dos melhores atletas europeus com 18 ou 19 anos (com potencial para ter uma carreira no basket) é que caminho seguir. Podem escolher o caminho de profissionalismo e procurar contratos na Europa em equipas Sénior, ou emigrar para os EUA (universidades) onde não poderão ganhar dinheiro, mas por outro lado prosseguem os estudos e jogam. O que aconselhas aos jovens portugueses que eventualmente pretendam fazer vida do basket?
Pode ser uma pergunta difícil mas com uma resposta fácil para mim, qualquer caminho que dê a oportunidade de continuar a sua formação académica é o caminho certo. A carreira de um jogador de basquetebol tem um prazo de validade muito curto, e mesmo que esse prazo tenha 20 anos de profissionalismo, a jogador irá viver quase o dobro sem jogar e então o que irá fazer depois? A percentagem de jogadores no mundo que ganham o suficiente para nunca mais fazerem nada depois de deixar de jogar é muito mas muito pequena. Sei que por vezes existem oportunidades que não se devem perder mas terão que ser a excepção que confirmem a regra, sendo que o meu conselho será nunca deixar a escola, seguir uma formação académica e se tiverem que escolher entre um contrato profissional aos 18 anos na Europa ou jogar numa equipa universitária americana e poder tirar um curso, então a minha escolha será sempre aquele que irá permitir o atleta a ter uma formação académica.

Gostaríamos de te convidar para escrever para o Planeta Basket alguns artigos, sobre os temas que considerares mais relevantes para partilhar com os nossos leitores. Aceitas o nosso desafio?
Claro que irei aceitar novamente o convite, aliás para mim é muito importante puder partilhar com todos em Portugal esta experiencia pois penso que o meu contributo poderá também ajudar um pouco ao melhoramente do nosso desporto e ao modo de pensar sobre alguns assuntos. Gostaria também de deixar o meu email pessoal, Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar , e quem quiser entrar em contacto comigo poderá faze-lo pois estarei completamente disponível seja para o que for. Obrigado ao vosso site por me dar esta oportunidade única de servir como ponte entre a minha vida em Dallas e Portugal, cada vez mais acredito que o Planeta Basket é um site imparcial e caminha a estrada da credibilidade e seriedade, valores que cada vez mais estão a ser distorcidos em algumas partes do nosso desporto e sociedade.

 

Comentários 

 
+2 #2 Filipe 01-10-2012 13:43
Boa sorte Nuno! Vai contando coisas.

:)
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+2 #1 Guilherme 30-09-2012 22:48
Entrevista muito boa, quer por parte do entrevistador, com perguntas muito claras e concretas, quer por parte do entrevistado, muito elucidativo e concreto. Há pessoas que estão lúcidas e dispostas a ajudar quem precisa.

Bem haja e bom trabalho!
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