Em meados da década de 80 do século passado, foi possível levar o Basquetebol a todo o território nacional. O início das transmissões televisivas dos jogos da NBA trouxe até à população portuguesa

a possibilidade de se assistir a uma das melhores décadas da modalidade, bem como ver atuar alguns dos melhores praticantes de Basquetebol da história da todos os tempos. A primeira grande final transmitida (1986) opôs os Celtics de Boston de Larry Bird, Dennis Johnson, Danny Ainge, Kevin Mc Hale e Robert Parish, aos Houston Rockects das Torres Gémeas Ralph Sampson e Hakeem Olajuwon.

No ano seguintesteríamos oportunidade de assistir a mais um duelo entre Celtics e Lakers, onde a equipa de Los Angeles era liderada em campo pelo Magic  Johnson e abrilhantada pelo veterano Kareem Abdul Jabbar, James Worthy, Byron Scott e Kurt Rambis. A célebre final de 1988 onde os Lakers ganharam pela segunda vez consecutiva, trouxe até nós um dos jogos mais emocionantes de sempre – o 5º jogo em que Isaiah Thomas com um entorse marca 25 pontos até ao intervalo, contra o melhor defensor de então Michael Cooper.

Não faltariam muitos anos para que pudéssemos atingir o ponto alto do espectáculo da NBA. surge o NBA Today, para os mais sortudos era possível assistir igualmente às transmissões de jogos da NBA através da TVE 2. Aos Domingos de manhã havia jogo da Liga ACB na TVE 2 Espanhola. Os comentários aos jogos da NBA feitos pelo espectacular Ramon Trecet, no programa de sexta-feira à noite – Cerca de las Estrelas – ficarão na memória de todos os que tiveram oportunidade, nessa altura, de sintonizar a TVE 2.
Todo o espetáculo da NBA foi desde início, igualmente influenciado pelos nossos comentadores televisivos. Primeiro com a participação do Prof. Hermínio Barreto, que nos deliciava com os seus comentários apaixonantes e didáticos. Não poderemos esquecer o grande contributo que o Prof. João Coutinho deu ao nosso basquetebol e que também nos jogos da NBA nos habituou com a sua frase inesquecível – Sejam Bem-vindos ao Jogo NBA da Semana! E finalmente o Prof. Carlos Barroca, que ainda hoje é a voz televisiva do Basquetebol.

De facto, considero que os nossos anos 80 e 90 do século passado, possibilitaram a todos os amantes da modalidade alimentarem a sua paixão pelo jogo. Muitos jovens que estavam ligados a outras modalidades desportivas não dispensavam o jogo da NBA da semana. O Basquetebol conseguiu desta forma influenciar a população portuguesa, dando a conhecer a sua essência, as suas origens o seu espetáculo.

É importante realçar que, não havendo ainda o recurso à Internet, um jogo por semana era uma fortemente atrativo para muitos dos portugueses que apenas viam Futebol e Ciclismo.

Atualmente o cenário não é, nem de perto nem de longe o mesmo. Continua a ser possível assistir aos jogos da NBA, ao All Star e às Finais, mas num canal que não é público. Neste momento quem quer ver Basquetebol na televisão tem de pagar ou tem de estar muito atento para noutros canais integrados nos diferentes servidores de TV por cabo, poder ver o Campeonato Universitário dos Estados Unidos ou a Liga Europeia.

O Basquetebol neste momento não chega a toda a população portuguesa porque implicará o conhecimento do jogo, alguma cultura desportiva, para que possa usufruir da informação disponível a este nível.

Numa época onde até é possível rever jogos da década de 50, 60 e 70 do século passado, procurar vídeos alusivos aos mais variados jogadores e treinadores, parece ser uma realidade que o Basquetebol se afasta do mediatismo que outras modalidades conseguem atingir mesmo com domínio do Futebol no que às transmissões televisivas diz respeito.
Quem procura o Basquetebol é quem já está fidelizado à modalidade. Quem alimenta a paixão pela imagem televisiva e de vídeo sobre Basquetebol é quem conhece e está ligado à modalidade.

Numa época em que ainda se sonha podermos vir a ser a segunda modalidade nacional, creio ser igualmente importante encontrar formas de fazer chegar o Basquetebol a todo o lado. O Minibasquete tem exercido um pouco dessa função, mas estamos a falar de crianças. Para muitas o Basquetebol ainda é uma modalidade pouco conhecida, sendo o Minibasquete o primeiro contacto.

Reconquistar o mediatismo através dos meios de comunicação audiovisuais é seguramente mais uma das formas de divulgar não só o melhor da nossa modalidade, mas o que de melhor se faz no nosso país para fomentar e divulgar o Basquetebol.

Não é uma tarefa fácil pois o Basquetebol tem de ser um produto apetecível para os média e patrocinadores. Mas estou convicto de que não há modalidade mais rica e com tanto potencial como o Basquetebol para que seja possível encontrar parcerias e conjugação de interesses a este nível.

Talvez se tenha de reinventar o contexto da modalidade no nosso país, talvez surjam pessoas com ideias e vontade. Certo é que a travessia do deserto será longa não sendo possível reajustar o caminho. Vamos acreditar, até ao último segundo que conseguiremos marcar um cesto decisivo na continuidade e valorização da nossa modalidade.