A competição na conferência Oeste continua de alto nível, à imagem do que se tem passado nos últimos anos e qualquer previsão sobre o que se irá passar no próximo mês é difícil de fazer...

Os Lakers partem como principais favoritos a vencer a conferência, mas qualquer outro conjunto tem valor e condições para surpreender. E para comprovar este equilíbrio é de notar que apenas 6 vitórias separaram o 2º classificado na época regular (Denver Nuggets) do 8º (Utah Jazz).

Os Denver Nuggets são uma das grandes surpresas da prova deste ano e ao seu sucesso não pode estar alheio o regresso ao Colorado de Chauncey Billups. O MVP das finais de 2004 é o principal responsável pela revolução do estilo de jogo dos Nuggets, transformando o 1-2 punch do ano passado, com Carmelo e Iverson com ordem para atirar, em jogo colectivo. E isso verifica-se na evolução nos números do supporting cast de Denver, nomeadamente Nené Hilário (5.3 ppj em 2008 e 14.6 ppj em 2009) e JR Smith (12.3 ppj em 2008 e 15.2 ppj em 2009).

Ao assegurar o 2º lugar na conferência, a equipa liderada por George Karl garante a vantagem casa nas duas primeiras rondas do playoff, (isto caso passe a primeira, é claro) o que lhe permite ambicionar, de forma legítima, a presença nas finais do Oeste, até porque ao longo da época apenas sofreu 8 desaires caseiros.

Os Spurs acabaram por garantir o 3º posto no Oeste, apesar das inúmeras lesões que foram afectando, ao longo da temporada todas as figuras da equipa, desde Tony Parker a Tim Duncan e finalmente a Manu Ginobili, sendo que este último não poderá mesmo dar mais o seu contributo à equipa esta época. Repito que apesar destas contrariedades, o conjunto texano conseguiu manter-se no topo da conferência. E mesmo sem contar com o argentino, estes Spurs serão sempre uma equipa perigosa, tal é a experiência do conjunto.

No entanto e mesmo tendo em conta que estamos em ano ímpar (os Spurs foram campeões em 1999, 2003, 2005 e 2007), não creio que este ano a equipa de Popovich consiga lutar pelo título. É que apesar do valor de Duncan e de Parker, faltará aos Spurs a imprevisibilidade e a capacidade de Ginobili para resolver os encontros nos momentos mais apertados.

Ainda com vantagem do factor casa na primeira ronda, surge a jovem equipa de Portland, cujo crescimento nas duas últimas épocas foi estrondoso. Liderados fora do campo pelo competente Nate McMilan, o Blazers foram evoluindo à medida que as suas duas grandes estrelas em ascenção iam melhorando o seu jogo. Refiro-me ao "faz tudo" Brandon Roy e ao eficiente LaMarcus Aldridge. Tudo isto apimentado com a energia do rookie Rudy Fernandez vindo do banco e com os restantes membros da equipa a saber o que fazer dentro de campo, tornaram esta equipa numa das mais interessantes da liga.

A meu ver, este regresso dos Blazers ao playoff será mais uma fase de aprendizagem no crescimento deste jovem conjunto, já que mesmo que passem a primeira ronda, como acredito que conseguirão, dificilmente conseguirão sobreviver ao poderio dos Lakers.

Em 5º lugar surgem os Houston Rockets, posto que tambem se pode considerar algo surpreendente para uma equipa que não pôde contar durante grande parte da época com um dos seus melhores jogadores em boas condições físicas, Tracy McGrady. Felizmente para os Rockets, Yao Ming conseguiu finalmente fazer uma época quase completa (só falhou 5 jogos) e foi o grande suporte do conjunto liderado pelo sapiente Rick Adelman.
Mesmo perdendo o base Rafer Alston (trocado para Orlando) e apesar da lesão de T-Mac, a equipa de Houston com um estilo de jogo controlado e defensivo (tem de jogar à velocidade de Yao) logrou manter-se na luta pelos postos cimeiros e marcar novamente presença na fase decisiva da época. Quanto à eliminatória com os Blazers, Houston parte com a desvantagem do factor casa, mas tem na experiência de alguns dos seus jogadores e do seu treinador um ponto a favor.

Os Mavericks atingiram esta fase final da época em crescendo. Depois da luta, lado a lado, com Phoenix pelo apuramento para os playoffs, a equipa de Dallas conseguiu ainda subir mais duas posições, garantindo o 6º lugar e o confronto com os desfalcados rivais do Texas, San Antonio Spurs. Liderados pelo génio de Nowitzki, pela "eterna juventude" de Jason Kidd e pelo poder anotador de Jason Terry vindo do banco, os Mavs são um rival a ter em conta.
 
Mas para que tenham ambições reais a repetir os feitos de 2006 e uma hipotética presença nas finais, outro jogador terá de voltar a exibir-se ao seu melhor, Josh Howard. O seu talento, a sua imprevisibilidade e porque não, a sua loucura são os factores capazes de desequilibrar a balança a favor dos Mavs.

Os New Orleans Hornets aparecem num algo decepcionante 7º posto, isto considerando a campanha da época passada, mas se tivermos em conta o equilíbrio existente na conferência, alguem teria de ceder. Na época passada, praticamente tudo correu de feição aos Hornets com o segundo lugar no Oeste, o título de treinador do ano para Byron Scott e a entrada de Chris Paul no clube restrito de candidatos a MVP. Contudo, este ano, a sorte parece ter abandonado o conjunto de New Orleans. A equipa deixou de funcionar como um colectivo, com Chris Paul e David West a assumirem praticamente sozinhos a responsabilidade de levar a equipa às costas. Naturalmente, os resultados não foram os melhores até agora, mas numa série tudo pode mudar. Basta que Peja volte a acertar com o cesto e que Chandler esteja bem fisicamente para que esta equipa consiga causar muitos embaraços a qualquer conjunto. Denver que se cuide...

Por último e com a vida aparentemente mais complicada, ficaram classificados os Utah Jazz. Não escondo que é uma das equipas que mais prazer me dá ver jogar, tal é a organização, inteligência e simplicidade de processos empregues pelos comandados de Jerry Sloan, e a comprovar isto, temos o facto dos Jazz terem sido a melhor equipa da NBA na época regular em assistências com 24.7 por jogo. Todavia, ter de defrontar os Lakers já na primeira não estaria nas previsões dos responsáveis da equipa de Salt Lake City. Apesar de chegarem aos playoff com a equipa praticamente toda operacional, as lesões que afectaram alguns dos membros da equipa como Boozer, Deron Williams ou Kirilenko impediram os Jazz de realizar uma época mais condizente com o seu potencial.
 
Chegado o playoff e não tendo vantagem casa, a equipa de Utah terá poucas hipóteses de passar à 2ª ronda. Relembre-se que Utah tem tradicionalmente muitas dificuldades a jogar fora de casa (15-26, esta época), ainda para mais de do outro lado estiverem os Lakers.