Amanhã tem início o Europeu de Sub-20 Femininos, Divisão B, em Sófia, capital da Bulgária. Durante 11 dias, 10 selecções lutarão diariamente para alcançar a melhor classificação possível.
Portugal é um dos países participantes e irá defrontar sucessivamente a Roménia (dia 3), Hungria (dia 4), Israel (dia 5), Noruega (dia 7), Grã-Bretanha (dia 8), Bulgária (dia 9), Alemanha (dia 11), Lituânia (dia 12) e Bósnia e Herzegovina (dia 13). O modelo de competição é extremamente desgastante, em poule única e com dois dias de descanso, o primeiro após o terceiro jogo (dia 6) e o segundo depois do sexto encontro (dia 10).
A comitiva lusa viajou anteontem para Sófia e está preparada para honrar mais uma vez o nome de Portugal. Falar com o timoneiro da selecção portuguesa, Eugénio Rodrigues, é uma tarefa fácil, pois já nos conhecemos há mais de uma década e sempre com um bom relacionamento e amizade.
(JT) - Nas nossas contas este é o 9º Campeonato da Europa com Eugénio Rodrigues no comando da selecção nacional de Sub-20 Femininos, a esmagadora maioria na Divisão B (7 anos), mas também uma presença na Divisão A (2012), infelizmente marcada pela injustiça decorrente da intoxicação alimentar que dizimou meia selecção portuguesa. No ano passado (2013), ficámos à porta da subida (4º lugar). Como antevê a participação deste ano?
(ER) - «É verdade, o trajecto destas selecções ao longo destes 9 anos é maioritariamente de Divisão B. É igualmente notório uma ascensão qualitativa das Sub-20 portuguesas ao longo do período que conta com 8 participações nos 8 primeiros lugares, 3 presenças nas meias-finais e inclusivamente uma medalha de prata e uma participação na Divisão A. Em função deste panorama, as ambições têm de passar sempre por uma prestação condizente com este passado recente e porque não, por subir de divisão novamente. Não será fácil, desde logo porque para um país com a nossa realidade basquetebolística nunca o será e todos temos a noção de que se trata de um objectivo igualmente perseguido por outras selecções, nalguns casos com melhores argumentos que os nossos. No entanto o objectivo está lá e segue sempre na nossa bagagem.».
(JT) - As gerações de 1994 e 1995 que constituem a base da selecção deste ano não foram pródigas em jogadoras de elevada estatura, o que constitui um óbice para quem tem objectivos ambiciosos. A inclusão de duas jogadoras interiores (de 1997), casos de Maria Kostourkova e Chelsea Guimarães, vem colmatar essa lacuna e paralelamente permitir que se possa sonhar com a subida?
(ER) - «Sem dúvida. Estas duas atletas vêm compor o plantel e oferecer, quer no plano individual, quer no plano táctico, outro tipo de soluções e estratégias que para lhe ser sincero, já não tínhamos desde a geração de 1990 e 1991 (Sofia Silva e Luiana Livulo). Não são, nem seria justo dizê-lo, a panaceia para todos os nossos problemas até porque temos de ter algum doseamento na sua utilização face à participação delas no Europeu de Sub-18. Por outro lado todos temos a consciência que só conseguiremos chegar onde queremos com toda a gente a dar o seu contributo por forma a que o todo seja maior do que a soma das partes.».
(JT) - O modelo competitivo dos últimos anos (poule única em que todos jogam contra todos) é bem mais exigente e desgastante do que o sistema em que havia dois grupos? Particularmente o deste ano com 10 equipas, implica que haja 3 blocos de 3 jogos consecutivos, intercalados por 2 dias de descanso. Face ao calendário já conhecido, qual é para si o bloco mais complicado (1º, 2º ou 3º)?
(ER) - «Teoricamente o 3º, não só porque terá duas candidatas à subida (Alemanha e Lituânia) mas também porque surge num cenário de fadiga acumulada. Porém, conforme referia, é realmente muito teórico pois Portugal não tem jogos fáceis. Mais até do que nos preocuparmos com os outros, temos de nos focar em nós próprios, na nossa natural falta de consistência competitiva. Vamos sobretudo planear o dia a dia e preparar da melhor forma possível o jogo que temos pela frente. Neste quadro competitivo, normalmente os mais fortes acabam no topo da classificação sem grandes lugares a surpresas, conforme acontece, por vezes, nos jogos a eliminar. Como tal, teremos mesmo de estar sempre entre os melhores para chegar ao final no topo da classificação. Já não chega ter um dia bom… ».
(JT) - A crise financeira obrigou a cortes orçamentais e naturalmente a preparação de todas as selecções nacionais foi também afectada. A redução dos dias de estágio e o escasso número de jogos internacionais de preparação (3 com Holanda Sub-20, 2 com Suécia Sub-20 e 1 com Inglaterra Sub-18), num total de 6, na sua opinião mesmo assim parece terem sido suficientes para encarar a participação lusa com algum optimismo?
(ER) - «Efectivamente, tivemos este ano apenas 30 treinos (2 com as 12 seleccionadas) e 6 jogos de treino. Entre exames, lesões e compromissos com as selecções de seniores e Sub-18, este foi o panorama possível. Dentro deste cenário o meu pragmatismo diz-me que há que focar mais naquilo que nos foi possível construir do que naquilo que ficou por fazer. As energias deverão estar todas concentradas nas armas que temos preparado e se a realidade só pôde ser esta, não vai ser por isso que nos vamos demover do nosso optimismo ou não fossemos conhecidos por sermos “o clube de combate”.».
Jogadoras seleccionadas (12)
Bases – Inês Viana (CRCQ Lombos), Joana Soeiro (S. Algés D.)
Base/extremo – Laura Ferreira (GDESSA), Joana Canastra (S. Algés D.)
Extremos – Joana Cortinhas (Académico FC), Josephine Filipe (Olivais FC)
Extremo/poste – Cesária Ucalam (Martigny/Suiça), Mafalda Guerreiro (CRCQ Lombos), Nádia Fernandes (GDEMA Menéres)
Postes – Inês Veiga (Olivais FC), Maria Kostourkova (CRCQ Lombos) e Chelsea Guimarães (S. Algés D.)
Responsáveis
Vítor Duarte (chefe da delegação)
Eugénio Rodrigues (seleccionador)
José Araújo (treinador adjunto)
Pedro Leite (secretário)
Rita Mansilha (fisioterapeuta)
Samira Barrima (árbitro acompanhante)