Quando treinamos, acredito ser necessário saber porque o fazemos, nós treinadores fazermos uma certa reflexão e pensarmos os “nossos porquês”. Nesta reflexão, considero também ser necessário analisarmos quais os objetivos inerentes aos grupos que trabalharmos.
Trazendo esta visão para o minibasquete, acredito que o mesmo tem dois grandes objetivos: fidelizar ao atleta ao desporto e consequentemente ao basquete e a promoção de literacia motora.
Creio que num primeiro momento, o minibasquete tem a pretensão de fidelizar a criança ao desporto e consequentemente à modalidade. Acredito plenamente que se a criança for feliz a praticar a modalidade, estaremos a salvaguardar o futuro quer da criança, quer do basquete. Acredito que não devemos saltar este ponto em nenhum momento dos seis anos que podem ser o minibasquete. Esta questão de fidelizar já é falada há bastante tempo e acredito que muitos partilhem da mesma opinião, mas acho importante falar um pouco sobre o que implica fidelizar.
Para responder esta questão recorro a um estudo realizado em 2014 organizado pela Universidade de George Washington para saber o que leva as crianças praticarem desporto. A razão mais evocada foi porque é divertido. E o que é para as crianças ser divertido? Entre muitos motivos evocados os mais importantes foram: 1º Dar o melhor; 2º Ter o reconhecimento e respeito do treinador; 3º Ter tempo de jogo; 4º Jogar bem como equipa; 5º Fazer amigos; 6º Fazer exercício físico.
Como vimos existem diversas razões pelas quais as crianças praticam certo desporto, mas pela minha experiência o primeiro ponto é gostar, ter algum tipo de gozo e diversão naquilo que estão a fazer, além disso, participar num grupo, estar com os seus amigos e fazer novas amizades.
Depois destas “necessidades básicas” satisfeitas, acredito ser preciso algo mais a nível psicológico para a criança estar satisfeita na modalidade, coisas como a auto perceção de sucesso, a auto perceção de melhoria, a autoconfiança. Para chegar a estas sensações temos de dotar a criança com ferramentas para o seu desenvolvimento, seja este motor, social ou basquetebolístico.
Considero que nas etapas iniciais os primeiros ingredientes essenciais são as habilidades básicas motoras, como o saltar, o rebolar, o correr, os skippings, o equilíbrio, a coordenação motora, a coordenação e a dissociação oculo-manual, oculo-pedal e outras tantas habilidades essenciais para o desenvolvimento integral da criança. Acho essencial o atleta conhecer o seu corpo. Não vou tocar neste artigo na parte basquetebolística, depende de muitas coisas, mas acredito que o mínimo essencial é desenvolveram os fundamentos: fazer dribles, passes e finalizações simples com ambas as mãos.
Para finalizar este artigo, proponho outros 2 ingredientes essenciais para o minibasquete. Um primeiro é a ideia de “saber treinar”: como estar no treino, dar o seu melhor esforço, físico ou mental, ouvir o treinador, ajudar os colegas. Considero desejável terminar sub12 sabendo o papel do treino. O último ingrediente que acredito relevante tocar é o do sonho, da ambição. Ver jogadores referência nacionais ou estrangeiros ou seniores do seu clube e almejar ser como ele, tentar fazer as coisas que ele consegue fazer.
Em jeito de conclusão, para mim, o minibasquete tem três grandes objetivos, fidelizar a criança à modalidade e ao desporto, dar ferramentas motoras aos atletas e criar/manter os sonhos aos praticantes.
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