Ultima jornada do campeonato e a nossa competição está mais equilibrada que nunca. Esta semana voltamos a apresentar um artigo de opinião em conjunto.
Abordamos a previsível redução do número de estrangeiros na liga, apresentando várias ideias para desenvolver o nosso basquetebol.
Resultados da 21 ª jornada
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Opinião de Jogador e Treinador - O Jogador Português
"A minha posição é muito clara: se as regras não mudarem para o ano e se não houver condições claras para que os portugueses possam jogar muito mais tempo no campeonato, então pessoalmente não tenho interesse nenhum em continuar a trabalhar na seleção nacional" - Mário Palma, Seleccionador Nacional.
Como jogador e treinador de Basquetebol que somos, não podemos deixar de admirar uma tomada de posição por parte do nosso seleccionador nacional que,curiosamente ou não, é também o português com maior prestígio e currículo do basquetebol tendo ganho já cerca de 70 títulos.
Estamos muito satisfeitos por ver que o nosso seleccionador nacional tem noção da realidade da nossa modalidade e para onde esta se desloca. Se há alguns anos atrás conseguiamos ser competitivos a nível europeu, neste momento estamos a anos luz do nossos adversários europeus.
O jogador nacional passou por uma fase em que deixou de ser relevante para o sucesso dos clubes em Portugal, e em que se associava um ou dois portugueses de bom nível a um conjunto de quatro ou cinco estrangeiros de nível por vezes duvidoso em cada clube. Pensamos que a proporção deve ser exatamente ao contrário. Equipas com núcleos de atletas portugueses complementadas com estrangeiros de alguma qualidade.
Neste momento de crise, e em que existem noticias de incumprimentos salariais na maioria dos clubes, ainda assitimos a clubes com 4 americanos e alguns ainda com jogadores naturalizados. Se adicionarmos os nossos compatriotas oriundos dos PALOPS, vemos equipas com 6/7 jogadores não seleccionáveis para a selecção a competir.
Não acreditamos que esta situação possa ser boa para o basquetebol nacional. É difícil acreditar numa liga em que o jogador português seja obrigado a ir arranjar um emprego porque não recebe suficiente do basquetebol para se alimentar sequer! E em que os treinadores profissionais são a exceção e não a regra.
Neste momento interessa ao basquetebol português que o jogador nacional se torne valorizado! Precisamos de novos talentos no basquetebol e precisamos que existam condições para desenvolver os atletas. A redução de estrangeiros por equipa é apenas uma das várias estratégias a adoptar.
Outras estratégias para o jogador português:
- Aumentar o calendário competitivo – os jogadores precisam jogar para se desenvolverem e evoluirem. A época desportiva deveria ter perto de 40 jogos;
- Obrigação de inscrição de 2 atletas sub-21 em cada ficha de jogo. Independentemente de inscreverem 10 ou 12 atletas num jogo;
- Criação de uma taça nacional – onde apenas jogadores que pudessem representar a selecção nacional competissem (como era a taça de Portugal há alguns anos atrás);
- Criação de uma bolsa de atleta – para que os jovens atletas pudessem continuar com os estudos sem interromperem o seu percurso desportivo e vice versa;
- Estabelecer regras de salários mínimos que os atletas portugueses devem receber (visto que a maior parte apenas recebe 8 meses num ano com 12...) tanto para os profissionais, como para os semi-profissionais. E que estas se cumpram;
- Obrigação que os jogadores tenham contratos de trabalho por conta de outrem e não passem recibos verdes ou outras formas de remuneração menos “controláveis”;
- Obrigação real dos clubes em ter todos os escalões de formação – principalmente o minibasket com obrigação de número mínimo de atletas;
- A comunicação social tem um peso fundamental no desenvolvimento do basquetebol e na imagem que se cria do jogador português. O uso das novas tecnologias tem de ser um investimento prioritário;
- O basquetebol tem que regressar à televisão em canal aberto. E deve ser feita uma aposta nas transmissões via internet de todos os jogos.
Um dos principais problemas que levaram a que o estado do basquetebol chegasse a este ponto foi a falta de pensamento estratégico a vários níveis. Dos clubes até à federação e à extinta liga.
Houve pessoas que pensaram demasiado a curto prazo e em como ter sucesso imediato na modalidade. Isto levou a uma aposta cega em estrangeiros e pouco ou nenhum investimento na formação do jogador português.
Agora estamos a viver um momento em que o dinheiro já não chega para tudo e que se olha para trás e apercebemos-nos que muito pouco foi feito a pensar no futuro.
Cada vez damos mais valor ao trabalho realizado por clubes realmente de basquetebol como são, por exemplo, o Barreirense e a Ovarense. Não querendo ser injustos para outros.
Conseguem sistematicamente formar atletas para competir nos quadros competitivos dos seus clubes ao mais alto nível. Clubes como estes deveriam ser valorizados e exemplos a seguir por todo o país.
Agradecemos os vossos comentários e que apresentem ainda mais ideias para o desenvolvimento da modalidade e do jogador português.
Treinador vs Jogador
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Obrigado e deixem os vossos comentários sff
Abraços
Vasco Curado (@vcurado) e Daniel Monteiro (@DanielMonteiro4)
Comentários
porto - barreirense porto +18