Antes do minibásquete, de 1949 a 1964
 
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Antes do minibásquete, de 1949 a 1964

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É já na próxima semana…Como era a formação de praticantes do basquetebol anos antes do surgimento do minibásquete?  Para ajudar a caracterizar o que era a formação do basquetebol antes do surgimento do minibásquete transcrevo uma passagem do livro

escrito pelos companheiros Jorge Adelino, Carlos Teigas e Mário Bairrada: A história do Basquetebol do Sport Algés e Dafundo. “Em Portugal o basquetebol começou por ser uma modalidade de adultos, não havendo, durante largos anos, prática da modalidade com jogadores abaixo dos 18 anos. Só bastante mais tarde é que surge uma nova categoria (curiosamente denominada de escolas de jogadores), que veio a alterar o seu nome para infantis e depois para juniores, em que participavam rapazes com menos de 18 (o basquetebol em Portugal começou por ser claramente uma modalidade masculina). Em meados dos anos 60 era preciso ter 14 anos para poder começar a jogar basquetebol nas competições oficiais, embora os clubes (nomeadamente o Algés) organizassem grupos de rapazes mais jovens que se iniciavam na modalidade ainda que sem poderem intervir em provas oficiais. Nestas circunstâncias, e mesmo sem aderir diretamente ao movimento recém-nascido do ainda Mini-basquetebol, alguns clubes tinham já adoptado o conceito de “escolas de jogadores” e iniciavam a prática do basquetebol com crianças e jovens, mesmo sem qualquer preocupação de enquadramento competitivo oficial.” (1)

Tanto quanto pude compreender a partir das minhas investigações o primeiro clube a preocupar-se com as etapas iniciais do basquetebol foi o Sporting Clube Vasco da Gama, que teve em 1949 uma equipa dos 9 aos 12 anos, que levou o ilustre jornalista Alves Teixeira a dizer que o minibásquete nasceu duas vezes. Eis o seu poético texto: “O minibásquete é o sangue estuante da “bola ao cesto”. Representa o nascer de um dia de Sol, esperanças que despontam, adorações que se cimentam, obra generosa que ganha alicerces, contorno, vida, expressão e finalidade. Muitos anos em redor de 1949, houve um clube, o Sporting Clube Vasco da Gama, que criou uma equipa de miúdos de 9 aos 11 anos, que foi batizada de “Globe Trotters”. Mercê de treinos constantes, de muita habilidade, de resistência inacabável, essa equipa foi a precursora do minibásquete, revelou uma harmonia e um poder de execução notáveis. Isto significa que o minibásquete nasceu no Porto, nasceu duas vezes.” (2)

O foco do meu contributo, para que alguém, que no futuro, se motive a escrever a história do minibásquete, vai centrar-se principalmente entre, (março de 2000 a julho de 2016) período em que desempenhei as funções de diretor técnico para a área do minibásquete na Federação Portuguesa de Basquetebol. A base informativa do período de 2000 a 2016 vai assentar nos Planos de Atividades da FPB, que a Patrícia Fernandes, Vice-Presidente do Comité Nacional de Minibásquete (CNMB) teve a amabilidade de fazer chegar às minhas mãos. Deste modo, com base nos Planos de Atividade vou, não apenas narrar tudo o que foi realizado nesses 16 anos, mas também tentar expor a lógica do que foi feito nesse período e os resultados alcançados. Contudo acho importante fazer um breve enquadramento e resumo histórico dos antecedentes ao surgimento do minibásquete em Portugal e da sua evolução, avanços e retrocessos, até ao ano 2000.

Desde o final da década de 1950, que um grupo de clubes como o citado Algés, e os históricos Barreirense e Vasco da Gama, entre outros, e um conjunto de professores de educação física ligados ao basquetebol se começaram a preocupar nos seus clubes e escolas onde lecionavam sobre como começar a iniciação ao basquetebol mais cedo. Nesses tempos, para além dos juniores e infantis, escalões que precediam os seniores e estamos a falar em termos atuais em sub-18 e sub-16, havia jogadores que iniciavam a prática com idade de sénior, motivo pelo qual havia nos clubes, as primeiras, segundas e terceiras categorias.

Desta preocupação, assim como o objetivo da expansão da modalidade, resulta em Agosto de 1959 a constituição de um grupo alargado de individualidades ligadas à modalidade para apresentar estudos e propostas, que era composta pelos seguintes elementos: Prof. Alberto Martins, Albino Macedo, Alfredo Carvalho, Prof. Américo Nunes Costa, Prof. Américo Nunes da Costa, Prof. Armelindo Bentes, Artur Ribeiro Tavares, Humberto de Sousa, Prof. João Coutinho, Joaquim Alves Teixeira, José Dias Pereira, Eng. José Prof. José Eugénio Perdigão Godinho, Prof. José de Sousa Esteves, Prof. José Teotónio de Lima, José Veloso Rodrigues Batalha, Dr. Lúcio Lemos, Prof. Mário Lemos, Prof. Pedro Rodrigues e Miguel Gouveia Henriques da Silva em representação dos Corpos Gerentes da Federação.

Dos estudos que efetuaram concluíram por apresentar

  • Um projeto de novos regulamentos de provas;
  • Vários apontamentos atinentes ao indispensável progresso do basquetebol;
  • As bases do trabalho a desenvolver por um técnico, a admitir pela Federação, visando essencialmente o fomento da modalidade.

A partir de 1960 a federação lança uma campanha que visa a divulgação e consequente expansão da modalidade sob o lema “Vamos todos praticar basquetebol”. (2)

É inserido nesse movimento que surge pela mão do Professor José Esteves em 1961 o projeto do “Basquetebol simplificado”, que só veio a ser implementado em 1963, quando José Esteves exerceu as funções de diretor técnico na federação. Para ilustrar o que eram esses tempos que antecederam o surgimento do minibásquete recorremos ao depoimento do Prof. Eduardo Nunes num texto intitulado “Para a história de Minibásquete em Portugal – Um Contributo”, que me foi gentilmente entregue em 2015, após a realização da “Comemoração dos 50 Anos de Minibásquete” realizada em 2014 em Paços de Ferreira.

Não posso impedir que me salte à memória o facto, da criação, em 1957, da Escola de Iniciação ao Basquetebol no meu F.C. Barreirense, na qual, estiveram comigo, em conjugação de esforços e de trabalho, dois colegas de equipa de basquetebol deste clube e grandes amigos, Manuel Ferreira e Manuel Saúde. Tal escola destinava-se à frequência de crianças do sexo masculino com idades compreendidas entre os 8 e os 12 anos e objetivava -se no ensino e no treino dos elementos básicos da prática do basquetebol, nas suas vertentes técnicas e coletivas, numa perspetiva, essencialmente educativa e formativa. Relembro que a primeira apresentação pública do trabalho realizado com as crianças nessa escola, teve lugar no ginásio-pavilhão de Barreirense, repleto de gente que se aprontava para assistir, de seguida, ao jogo entre o Barreirense e o Real Madrid a contar para a Taça do Campeões Europeus de basquetebol, realizado em 1958. Com honras de transmissão televisiva direta, de breves trechos do jogo das crianças e da integralidade do jogo dos grandes, tal evento obteve grande repercussão nos meios desportivos da época.

A propósito dei trabalho que estava a ser desenvolvido na Escola de Iniciação ao Basquetebol do Barreirense, lembro os contactos que, na altura, estabeleci com dois ilustres professores de educação física e consagrados treinadores de basquetebol. Com o professor José Esteves, contactos acompanhados com a observação das classes de iniciação desportiva que ele dirigia no seu Benfica; com o professor Mário Lemos contactos complementados com a assistência que me foi permitida a algumas das suas aulas de índole desportiva, lecionadas no Colégio Militar, nas quais a iniciação ao basquetebol ocupava lugar de relevo. Tais contactos foram fonte de inspiração e de bons ensinamentos para a organização e orientação das atividades promovidas nessa escola, dado que os seus monitores iniciais não eram mais do que simples jogadores de basquetebol e amadores dessa modalidade desportiva.  Posteriormente, viria a ter o privilégio de trabalhar com ambos na qualidade de colega em 1962, no desempenho de funções docentes no Colégio Infante Sagres, onde o Professor Mário Lemos, também lecionava; em 1963/64, integrado numa equipa técnica liderada pelo professor José Esteves.” (3)

Destes tempos é de realçar o espírito de cooperação existente entre quem se preocupava com as etapas iniciais da modalidade e a curiosidade da transmissão televisiva, que foi, tanto quanto sei, a primeira transmissão desportiva direta, mesmo antes de haver transmissões diretas de jogos de futebol, realizada, na história da então novel, RTP. Estes foram os tempos que antecederam a introdução do minibásquete, jogo praticado ao contrário do basquetebol simplificado, em campos de dimensão reduzida e com cestos mais baixos.


(1) Teigas, Carlos; Soares, Jorge Adelino; Bairrada, Mário; - A História do Basquetebol do Sport Algés e Dafundo
(2) Fernandes, Albino – História do Basquetebol em Portugal
(3) Nunes, Eduardo – Para a história do Minibásquete em Portugal – Um contributo

 

Comentários 

 
+3 #1 Sérgio Gonçalves 12-03-2024 12:50
O meu obrigado ao San Payo Araújo e ao Planeta Basket por esta publicação.
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