Pés na terra
 
Faixa publicitária

Pés na terra

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
Avaliação: / 7
FracoBom 

Pés na terraNão há certamente nenhum treinador de jovens que não persiga a excelência quanto ao desenvolvimento dos atletas que estão à sua responsabilidade técnica.

Quem pelo nosso país basquetebolístico dirige a preparação de equipas de sub-14, sub-16, femininos, masculinos, não descura certamente que os seus atletas têm de, através do treino, evoluir, melhorar capacidades, serem mais competentes em jogo. Mas certamente não há nenhum treinador de jovens, ou se houver serão uma minoria, que afirme ter excelentes condições de trabalho, um grupo homogéneo com talento para a modalidade e a possibilidade de participar numa competição que satisfaça as necessidades e a motivação dos atletas.

São efectivamente muitas as contrariedades que desgastam o trabalho na formação, mas que não deixam de constituir um desafio para que se consiga mudar pacientemente a realidade onde atuamos. Este artigo partilha um ponto de vista, na minha opinião a tender para o racional, sobre o que significa formar jovens nos tempos que correm. Para além disso importa clarificar que, em coerência com o título deste artigo, apenas se pretende constatar, racionalizar e encontrar, um conjunto de ideias que sustentem uma filosofia própria para treinar equipas de jovens em Portugal. Não sendo esta a verdade absoluta, mas apenas um ponto de vista.

A primeira contrariedade parece ser, no meu ponto de vista, a falta de “tempo de bola”. Isto é, joga-se pouco, a prática informal é atualmente preenchida com aulas, estudo ou outras solicitações quotidianas. Não sendo conhecedor de todos os playgrounds onde se joga basquetebol, acredito ter diminuído drasticamente o tempo de prática informal de jogo. Eventualmente a carga horária escolar muito contribui para essa diminuição. Mas certo é que a exploração da prática livre do jogo é baixa.

Para o treinador de jovens a prática reduzida a 3 treinos semanais desencadeia um ritmo muito próprio de aprendizagem e desenvolvimento de um praticante. Não importa se é um ritmo limitativo, importa que é aquele o ritmo de evolução, pelo que é importante aceitá-lo e contribuir para que as 3 sessões semanais possibilitem ir ao encontro das necessidades dos atletas.

Uma segunda contrariedade expresso-a após ter ouvido um ex-praticante, agora pai de um atleta, lamentar que os jogadores jovens, atualmente, parecem não ter “sangue na guelra” quando enfrentam situações de competição mais equilibrada. Concordando em parte com o lamento, parece-me pertinente referir que o “sangue na guelra” não sendo inato, surge decorrente de uma cultura onde a adversidade impera e onde melhorar, progredir é algo que emerge de situações nem sempre fáceis de lidar. Será que os nossos jogadores jovens se desenvolvem perante adversidades frequentes? Seria interessante realizar um estudo desta natureza, percebendo verdadeiramente o que impede alguns jovens de terem “ganas” (citando os nossos vizinhos espanhóis).

Por último referir que também ao nível do jogo praticado, bem como das competências dos jogadores para, progressivamente, interpretarem um jogo mais complexo e exigente, podemos lamentar o facto de não conseguimos atingir um elevado nível, sendo uma das angústias partilhadas em conversa de treinadores. Muito lamentamos sobre o facto de os nossos atletas não dominarem aspetos técnicos e táticos do jogo, considerados elementares num determinado escalão. Porém, urge identificar quais são razões para que todas estas “lamentações” não deixem de inquietar legitimamente os treinadores?

Creio que importa antes de mais realizar um levantamento exaustivo das condições de trabalho dos nossos atletas e treinadores, bem como perceber a heterogeneidade de contextos onde a modalidade se desenvolve. O que podem fazer os treinadores para melhorarem o contexto onde atuam? Encontrar algumas respostas poderá igualmente ser um pertinente objetivo de estudo.

Conhecer a realidade do nosso basquetebol significa estudar o que origina, em zonas menos densas basquetebolisticamente, que apareça esporadicamente uma geração de jogadores com enorme potencial? Assim como perceber que motivação intrínseca está presente num jovem praticante que se inicia num clube com enorme tradição na modalidade e onde é possível ver jogos da equipa sénior, quando comparado com um atleta que aparece na modalidade fruto de uma captação em contexto escolar, em que conhece o jogo pela primeira vez e não dispõe de referências.

Todas estas contrariedades levam a que tenhamos grandes discrepâncias no jogo praticado pelas equipas jovens deste país. O jogo que gostaríamos de ver praticado pelas equipas que dirigimos nem sempre está presente, surgindo um outro que emerge de um contexto próprio de aprendizagem do jogo.

Nesta análise, parece-me ser possível encontrar-se um ponto comum para gerir e trabalhar com equipas de diferente nível técnico ou tático. Novamente surge o exemplo e a filosofia do treinador como alicerce para dirigir qualquer equipa desportiva. Não exagerando na escrita deixaria alguns tópicos para o treinador que pretenda dignificar qualquer contexto onde exerça a sua atividade – ganhem-se muitos ou poucos jogos:

  • Aprender a aceitar e gostar do jogo praticado por jogadores que ainda expressem dificuldades em jogar, ainda que, competitivamente não alcancem sucesso desportivo de relevo;
  • Racionalmente, tentar melhorar esse jogo com conceitos simples, fáceis de adquirir, e que possam ser facilmente enriquecidos com competências técnicas e táticas de natureza individual;
  • Valorizar primeiro os progressos e depois as vitórias, que certamente também decorrerão desses progressos;
  • Não nos iludirmos com as vitórias, nem nos desiludirmos com as derrotas, registar o que já surgiu em jogo e o que não é consistente ou revela fragilidade;
  • Se pretendemos compromisso e investimento dos nossos atletas não permitamos que eles percebam que em algum momento não estamos comprometidos com o seu desenvolvimento ou deixemos de investir no seu progresso individual e coletivo.

Em todas as equipas poderemos encontrar motivos para nos sentirmos “campeões sem troféu físico”. Mesmo naquelas que ganham competições de relevo e já possuem uma maturidade competitiva assinalável, existe a possibilidade de incutir a valorização de mais vitórias que não só aquelas que decorrem de uma equipa conseguir marcar mais cestos à outra. Bastará eventualmente sentarmo-nos e escrevermos três ou quatro ideias, com os pés bem assentes na terra, que representem o que de melhor poderemos fazer para fazer evoluir os nossos atletas e o contexto onde exercemos influência pedagógica.

 

 


Facebook Fronte Page

Buscas no Planeta Basket

Wilson Basketball

  • Treinadores

  • Lendas

  • Resultados

Sample image Canto do Treinador Exercicios, comentários, artigos, etc...ver artigos...

Sample image Lendas de Basquetebol Quem foram as personagens marcantes da modalidade. ver artigos...

Sample image Resultadoos e Classificações Todos os resultados na hora... Ler mais...

Facebook Side Panel

 
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária