O tema deste artigo remete-nos para os conteúdos da Formação Geral dos cursos de treinadores de Basquetebol, nível 1. Nos mesmos dedicava-se 15 minutos à abordagem a questões que pretendiam elucidar treinadores principiantes

para o significa pertencer a uma equipa. Muita da informação dada certamente será mais consistente se for fornecida por um formador que tenha tido muita experiência no trabalho de equipa. Os exemplos, os problemas existentes numa equipa podem constituir pistas para o futuro treinador que se aventura a liderar uma equipa.

A definição de equipa pode passar por entendê-la como um conjunto de pessoas que desenvolvem uma tarefa direccionada para um fim comum. No basquetebol podemos entender que 5 jogadores tendem a cooperar e trabalhar em equipa visando marcar cestos e recuperar a bola sem os sofrer. Mas uma equipa de basquetebol consiste apenas do trabalho que se faz no jogo, para cumprir os seus propósitos? Os jogadores que estão sentados no banco de suplentes terão algum papel? Perguntemos aos mesmos e ao treinador, tentando afinar intenções e actos.

Numa equipa de jovens praticantes, ainda muito centrados naquilo em que o ambiente do jogo lhes pode dar para satisfazerem o seu gosto pela modalidade, iniciaremos um longo percurso no sentido de estimular uma coesão, que se espera ser dirigido para a tarefa e que socialmente tenha igualmente reflexos positivos. Sabemos do que conhecemos do alto rendimento e do que a investigação nos diz a este respeito, que o sucesso de um grupo está mais associado à coesão dos seus elementos para as características e objetivos da tarefa do que para a componente social, decorrente de uma vida comum (nomeadamente as equipas profissionais que convivem diariamente fora e dentro do campo, nas suas obrigações coletivas).

Uma equipa de jovens praticantes de idade sub-14 tem a particularidade de, em muitos casos, conceber a entrada de novos praticantes, muitos incentivados por amigos já praticantes. Há clubes que dispõem de condições para que a entrada numa equipa do clube seja feita pela primeira etapa desse escalão, eventualmente numa equipa B. Outros, felizes certamente, terão a facilidade de construir equipas em função da idade, sendo uma constituída por atletas de primeiro ano e outra de segundo. Em todos estes cenários deverá emergir a sensação de pertença clara e entendimento do papel que cada atleta tem no grupo.

As crianças e jovens, são tanto leais e unidos com um grupo que se aventura pela sua continuidade, como cruéis com quem entra de novo e, nem sempre expressam grande aptidão. Se o Treinador se distrair, o atleta novo, caso não se afirme rapidamente como talentoso, terá obrigatoriamente de passar pelo julgamento dos seus pares e, supostamente companheiros de equipa. E nesse campo facilmente o egoísmo de quem sente o seu espaço afectado pode desencadear comportamentos que em nada se inspira nos mais altos valores de equipa.

O exemplo que vos trago revelou uma total cegueira de um atleta perante a entrada de um novo companheiro. Sendo uma equipa de grande atitude coletiva e com 4 anos de prática da modalidade, carecia de elementos com estatura relevante para não fazer do grupo pequeno na sua média de alturas. O aparecimento de um atleta novo com a altura de 1,90 m, veio trazer alegria e desconforto. Por um lado, o encanto era grande pois teriam uma grande ajuda na luta pelas tabelas, por outro lado viam o seu espaço ameaçado por aqueles que sentiam poder, a curto prazo, ver o seu novo colega de equipa tirar-lhes minutos de jogo. Felizmente, os mais emotivos e inquietos cedo conseguiram serenar o espírito e encontrar no novo companheiro alguém que poderia assumir um papel relevante na equipa sem que o seu sentimento de pertença fosse ameaçado. Para tal ajudaram na sua integração e possibilitaram-lhe que o seu potencial inicial se expressasse no jogo.

Tudo isto para procurar enaltecer a importância dada ao papel do treinador de grupos de iniciação, na construção de uma identidade coletiva onde seja possível cada jogador sentir-se como elemento pertencente. Particularmente no escalão de sub-14, a existência de um regulamento técnico pedagógico que obriga à participação de todos. No entanto, havendo consciência por parte do treinador sobre quais os verdadeiros objetivos da prática desportiva, provavelmente não seria necessário a existência do regulamento, uma vez que as oportunidades dadas a todos os jogadores, em respeito à sua capacidade para jogar e às características das equipas com que se confrontam, iriam ao encontro das suas necessidades.

Nesta utopia de que a consciencialização eliminará a necessidade de regras apertadas, é importante valorizar a importância do regulamento técnico pedagógico, nomeadamente na através da sua aplicação prática. Havendo pelo menos um documento que baliza os efeitos nefastos dos que entendem poder apenas competir com o número mínimos capazes de esmagar qualquer equipa de principiantes ou ganhar o campeonato nacional. Neste balizamento de formas estar, encontraremos certamente diferentes formas de entender o que significa efectivamente pertencer a uma equipa desportiva. O Treinador? Esse deverá permanentemente e aproveitando a igualdade de oportunidades que o Jogos de Basquetebol possibilita, fomentar o sentimento de pertença com valores tais como: compromisso, oportunidades, empenhamento máximo em todas as tarefas, confiança, responsabilidade, exemplo, disciplina, atenção, correção, dedicação, elogio.

Nessa filosofia talvez possa valer a pena dedicar tempo aos mais jovens e aos mais jovens dedicarem tempo à prática desportiva. Nesta perspetiva poderemos encarar o desporto como uma atividade enriquecedora onde todos se sentem pertencentes à causa contribuindo para a evolução da atividade, do grupo e do clube onde praticam.