O “SPLISS - Sport Policy factors Leading to International Sporting Success" é um modelo de avaliação, resultado de um projeto de investigação de reputação internacional, que estuda a competitividade das nações no desporto de elite.
Foi com base neste modelo que o governo português recentemente encomendou à empresa PWC a avaliação do impacto do financiamento público nos ciclos olímpicos de 2001 a 2012. É com base neste modelo que muitos países avaliam os pontos fortes e pontos fracos da sua organização e das suas políticas desportivas.
Este modelo apresenta uma visão integrada de 9 pilares que são decisivos para se alcançarem resultados de top a nível internacional. A aplicação deste modelo permite que os países compreendam quais são os seus pontos mais fortes ou na inversa as suas debilidades.
Este modelo, que está disponível na Internet e pode ser consultado no anexo deste artigo, assenta em nove pilares:
- Pilar 1 – Suporte financeiro
- Pilar 2 – Política desportiva: Organização e estruturas
- Pilar 3 – Participação desportiva
- Pilar 4 – Detecção e sistema de desenvolvimentos de talentos
- Pilar 5 - Apoios desportivos e perspetiva pós carreira
- Pilar 6 - Condições de treino
- Pilar 7 - Competências dos técnicos
- Pilar 8 - Competições nacionais e internacionais
- Pilar 9 - Investigação científica
No modelo SPLISS cada um destes pilares tem evidentemente repercussões e influencias recíprocas, maiores ou menores sobre os restantes. Perceber o que nos separa dos espanhóis é compreender o alinhamento, de que fala João Ribeiro, destes pilares e não olharmos apenas para uma peça dum complexo puzzle, como se aí residissem todas as soluções do problema. O âmbito da atividade e trabalho do CNMB neste modelo, insere-se por motivos óbvios, fundamentalmente no pilar 3, razão pela qual, será o pilar que abordarei de uma forma um pouco mais aprofundada neste artigo.
Cada pilar do modelo SPLISS tem muitos parâmetros de avaliação e o terceiro tem 19 parâmetros subdivididos em três áreas que resumidamente apresentarei:
Pilar 3 - Participação desportiva
3.1 As crianças e jovens têm oportunidades de participação em atividades desportivas na escola, durante os tempos de educação física ou têm tempos de educação física e atividades desportivas curriculares adicionais?
Neste ponto são avaliadas e esmiuçados através de 11 parâmetros questões como o horário escolar a quantidade de horas e tempos para a educação física e atividade desportiva curriculares e extra curriculares nos três níveis de ensino: jardim-de-infância, ensino primário e ensino secundário.
3.2 Qual é a taxa participação desportiva das crianças e jovens?
Neste ponto são abordados através de 4 parâmetros, a quantidade de tempos semanais de prática organizada, a existência ou não da prática informal, a percentagem da população jovem que pratica atividades desportivas federadas, o rácio do número de clubes e praticantes por habitantes etc.
3.3 Que qualidade tem os clubes de formação e que incentivos têm estes clubes?
Neste âmbito são avaliados dois parâmetros a existência de incentivos aos clubes de formação e a possibilidade de projetos de qualidade receberem financiamento.
Se analisarmos a fundo os 9 pilares, as diferenças entre o que se passa em Portugal e em Espanha são abismais. Olhar apenas para um ou dois dos múltiplos parâmetros de avaliação abordados nos nove pilares e pensar que aí encontramos as soluções parece-me um pouco difícil. Dentro da estrutura federativa o CNMB está inserido no sector da captação e fomento da modalidade. Para além de decidirmos como vamos trabalhar e fidelizar as crianças que já estão nos clubes, temos de pensar em soluções e caminhos, que no quadro atual do basquetebol e não num quadro ideal, levem as crianças a quererem jogar minibásquete. Não vivemos em Espanha nem na Lituânia onde as crianças querem jogar basquetebol. Aqui querem jogar futebol. O desígnio de trazer crianças para a prática deve ser, principalmente em tempos de crise, uma das prioridades decisivas do basquetebol. Como considero esta uma questão relevante, em breve e em traços gerais, relatarei através de factos e dados o que era o minibásquete em Portugal no ano 2000, ano da reativação do CNMB.