Os pertinentes e bons comentários do companheiro João António levam-me a continuar a falar sobre as inscrições e sobre toda a burocracia que estas implicam, no desperdício de energia e dinheiro que é gasto inutilmente.

Poderia referir muitos exemplos de desperdício. Há muito tempo que considero, que este país é pródigo no desperdício e ostentação. Este desperdício e ostentação vão desde, os mais pequenos gestos dum cidadão, que tem desnecessariamente um telemóvel ou viatura de topo de gama, mas que depois nem tem dinheiro nem para a gasolina nem para a mensalidade, ao europeu de futebol que realizamos, com a construção de inúmeros estádios, alguns dos quais agora se fala da sua implosão. Nunca um país construiu ou vai construir tantos estádios para a realização dum europeu.

No caso da formação desportiva ostentamos, que temos dois sistemas desportivos, mas nenhum verdadeiramente funciona, pois continuamos com os menores índices de prática desportiva da Europa. Olhemos para a nossa modalidade, mas creio que esta realidade é extensiva às outras, e vejamos um exemplo bem simples de desperdício, como existem dois sistemas desportivos até no minibásquete, há uma duplicação de seguros ao contrário da nossa vizinha Espanha. Quem lucra com esse facto? Não são certamente as famílias, que muitas delas com grande custo, inclusive financeiro, se esforçam por proporcionar formação desportiva aos seus filhos.

Este e muitos outros exemplos poderia mencionar. Seria muito bom quantificar quanto é que o Estado gasta nos sistema desportivo do desporto escolar e no desporto de formação federado? Poderiam esse recursos ser melhor aplicados? Será que quer um sistema, quer o outro está verdadeiramente preocupado com os jovens, ou entrincheirado nos seus interesses?

O João António levanta uma série de questões pertinentes e aponta algumas soluções. Será que é mesmo assim tão difícil realizar o sonho preconizado pelos professores Calvet Magalhães e Mário Lemos quando acreditaram em 1972 que " o Ministério da Educação Nacional se propõe, agora a nacionalizar uma ideia iniciada, há três anos na Escola Francisco de Arruda. Aos dois mil núcleos vão corresponder quarenta mil crianças.Na batalha da educação o desporto não foi, finalmente esquecido. A escola deixa as suas paredes e vai para a rua à procura da criança para lhe dar uma parte daquilo a que tem direito."

Não deixa de ser muito curioso que estas quarenta mil crianças estejam muito perto do número preconizado por Josep Bordas, quando numa longa conversa me transmitiu, que enquanto nós em Portugal não tivéssemos 45.000 minis devíamo-nos deixar de sonhar com resultados internacionais significativos e consistentes. Perguntaram-me uma vez como é que o Josep Bordas chegou a esse número. Eu digo-vos ele perguntou-me quantas crianças existiam em Portugal entre os 6 e os 12 anos. Respondi-lhe que em 2000 existiam para cima de 900.000 crianças. Foi quando ele me disse que teríamos de ter pelo menos 5% dessa população a praticar minibásquete. Este é outro dos factores onde começam as diferenças.