Quem é que queres ensinar? Os teus jogadores, os jovens que estão a arbitrar ou os jogadores da equipa adversária? São perguntas que às vezes me apetece fazer a alguns treinadores quando observo jogos de minibásquete.
O facto de estar a treinar os minis do Belenenses e acompanhar de perto várias etapas do circuito Prof. Mário Lemos, permite-me observar com maior frequência, jogos e o comportamento de treinadores de mini. Felizmente posso dizer que pelo que tenho observado são muitos os treinadores que centram a sua atenção e intervenções, sobre os seus minis e pouco ou nada interferem sobre os jovens "amigos", que raramente são árbitros oficiais.
Contudo de volta e meia lá surgem treinadores que “devem gostar muito, se calhar face à dificuldade de ensinar os seus jogadores” de ensinar os jovens da equipa adversária, pois estão sempre a alertar os jovens que estão a arbitrar, para os passos, os dribles, as faltas, os fora, etc, mas sempre e apenas dos jogadores da equipa adversária, ignorando por completo os erros e falhas e dificuldades dos seus próprios jogadores. São os que eu chamo de treinadores árbitros, mas apenas a meio tempo, o tempo dos erros da equipa adversária.
A estes treinadores, sempre que tenho oportunidade não me canso de dizer que há uma diferença enorme entre um jogo de seniores e um jogo de minibásquete. Nos seniores o fundamental é ganhar e para tal o treinador treina e ensina os seus jogadores; nas crianças o essencial é ensinar, e se ensinarmos bem, os jovens evoluem e resultado da aprendizagem e treino tiram mais satisfação do jogo e tem mais possibilidades de ganhar. Seniores e minis são dois universos completamente diferentes. Nos seniores ganhar é objectivo, nos minis a vitória deve ser consequência e não objectivo. Vencer, fruto dos erros apontados ao adversário, pode dar a satisfação momentânea, mas pouco ou nada contribui para a aprendizagem e evolução dos jovens jogadores.
O mais curioso é que quando oiço os treinadores-árbitros a falar, no seu discurso também afirmam que o essencial é ensinar. É nesta altura que me lembro de uma frase que ouvi que dizia mais coisa menos coisa o seguinte: “Aquilo que cada um diz, aquilo que cada um pensa, aquilo que cada um faz, coexistem na mesma pessoa, mas só raramente coincidem.”
Comentários
Beijinho San Payo