Certamente, na mente da grande maioria dos nossos agentes desportivos de clubes de Basquetebol, com historial na modalidade, não passará a ideia de não existir uma equipa sénior, independentemente do nível a que compete.
Se aleatoriamente pensarmos em 5 clubes com pergaminhos na história do nosso basquetebol – Sport Algés e Dafundo, Vasco da Gama, Illiabum, Imortal, Atlético – podemos constatar que, com enorme esforço dos seus dirigentes mantêm vivo o entusiasmo de ser possível assistir, nestes pavilhões, também eles históricos, a jogos das suas equipas seniores. Mesmo em tempo de crise, que assim seja possível manter estas e outras mais equipas a competir no escalão adulto.
Todavia, em regiões onde história se fez, mas as dificuldades ou eventuais exageros financeiros não permitiram continuidade de projetos seniores, o caso muda de figura. Na Associação de Basquetebol de Leiria houve exemplos bem marcantes, que tiveram desfechos diferentes mas que deixaram marcas profundas. Na cidade de Leiria o trabalho iniciado no Núcleo Sportinguista de Leiria, na época de 1994-1995 e continuado no projeto Leiria Basket, que conduziu a dois títulos nacionais da então real 1ª divisão, levou os dirigentes da altura a alimentarem a ilusão que estaria cimentado o caminho para um projeto profissional. O resultado final desta ilusão é do conhecimento geral.
No entanto, projetos houve, que mantidos pelo entusiasmo e dedicação das gentes da casa, também tiveram o seu final, como é o caso do Clube Stella Maris de Peniche, que, ao tomar esta difícil decisão, criou espaço para neste momento ser o clube da AB Leiria com mais crianças a praticarem minibasquete. Com o mesmo entusiasmo, empenho e dedicação das gentes da casa, o Stella Maris procura renascer, mesmo num contexto onde as dificuldades são mais do que muitas.
Mas se de seniores falamos, sobre projetos de seniores nos questionamos, relativamente à sua razão de existirem. Há quase 40 anos, Vítor Sepodes, em Torres Novas, pensou que, havendo uma equipa de seniores haveria referências e modelos que ajudariam os mais novos a entusiasmarem-se pelo Basquetebol. Passados os mesmos anos, o Sporting Clube Marinhense tem feito tudo para que o seu projeto sénior seja a melhor referência possível para os jovens que integram a sua formação. Certo é que o número de praticantes no clube aumentou. Títulos? Entendendo o apuramento para a 2ª Fase do actual campeonato da 1ª divisão como sucesso desportivo, então estamos na presença de um projeto vitorioso.
Apresentados alguns exemplos, partilhamos, no entanto, a inquietação relativamente à capacidade da grande maioria dos clubes actuais em iniciarem um projeto sénior. Que consistência financeira terá? Que durabilidade essa mesma consistência proporcionará? Irá a formação de jogadores beneficiar de um investimento desta natureza? Existirão recursos humanos capazes de não esquecerem a base de praticantes e a necessidade do fomento da modalidade através do minibasquete? Certamente questões como estas inibem, iludem ou entusiasmam quem num clube de uma associação de menor dimensão procure fazer renascer a esperança de proporcionar referências da modalidade.
Ao constatarmos que clubes históricos como a Académica ou o Barreirense tiveram que parar a sua vitalidade no escalão sénior, assiste-nos expressar receio que num passo mais ousado se destrua o que demorou anos a construir. Porém, num pensamento mais optimista, é de enaltecer quem queira alimentar a esperança de que é possível criar oportunidades para a formação de jogadores ter uma referência ou o sonho de, com treinadores e Pais poderem pensar que um dia haverá atletas a jogar na equipa sénior do seu clube ou do seu distrito. Assim sejam dados passos seguros e não sejam esquecidas todas as partes de um projeto racional de Basquetebol.
Comentários