Uma questão de tempo
 
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Uma questão de tempo

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João RibeiroRecentemente, na Assembleia da República, foram “chumbadas” as petições dinamizadas pela SPEF e CNAPEF, relativamente à necessidade de inverter a tendência

para a diminuição da carga horária da Educação Física nas escolas públicas, desvalorizando a mesma e os seus benefícios. Apesar do rigor científico contido na fundamentação e apresentada em petição ter sido debatido com as várias forças políticas e entidades representativas da Educação Fìsica e do Desporto Escolar, parece existir ainda uma estranha barreira que impede uma transformação social desejável através do desenvolvimento da atividade física e desportiva. Numa sociedade bastante mais esclarecida e substancialmente alfabetizada no que ao valor formativo da Educação Fìsica e do Desporto diz respeito, interrogo-me sobre as razões pelas quais a valorização, o crescimento e o desenvolvimento do desporto juvenil e da educação física escolar não acompanham esta evolução?

Tenho a certeza de que quem governa e decide está mais esclarecido da importância da disciplina de Educação Física e do papel do Desporto Escolar. Os tempos são outros e nem que seja devido a um susto de saúde, todos nós sabemos que a nossa existência e o nosso desenvolvimento tem de contemplar movimento e comportamentos. Daí que bastará simplesmente investimento e ação prática significativa e em coerência com princípios científicos subjacentes.

Porém onde tudo acontece e cresce – a escola – é hoje dada autonomia directiva para adequarem a sua carga horária destinada à Educação Física em função da sua realidade, assim como é dada às direções das escolas a responsabilidade de presidir ao Clube do Desporto Escolar, dinamizando esse projeto nacional em conformidade com os seus propósitos.

Assim, encontramos escolas que têm uma carga horária de 180 minutos semanais e outras de 150 minutos. Os motivos para esta escolha estão sempre associados à necessidade de gerir recursos humanos e espaciais, às exigências curriculares, no fundo ao muito que se quer ensinar. É uma tarefa difícil que não se limita a gerir números mas que tem de estar suportada por uma ideia, uma filosofia (creio de que…). A grande oportunidade está em acreditar que é importante que todos os alunos disponham de carga externa suficiente e regular para que se possam tornar ativos.

A grande oportunidade está em aproveitar o mais tempo possível (180 minutos de educação física mais 135 do desporto escolar) para promover o que na sala de aula, com tantos conteúdos para abordar, é difícil de proporcionar em quantidades que consolidem comportamentos, hábitos de participação, empenho, esforço, decisão, persistência, lidar com a frustração, cooperar, respeito pela integridade física, superação, coragem, etc.

Nesta realidade parecem surgir oportunidades para que o desenvolvimento, crescimento e formação desportiva possam também participar e colaborar, de forma tranquila e sem pressas, no processo educativo dos jovens. O Desporto Escolar tem procurado esta colaboração, proporcionando participação desportiva a todos os jovens; a Educação Física vai procurando desenvolver capacidades, consciencializar para hábitos e estilos de vida saudável e garantindo carga externa regular. Ambos vão contribuindo para a aprendizagem motora, desportiva e comportamentos.

Outra grande oportunidade contida nesta análise está na procura de um equilíbrio que proporcione uma boa gestão da carga externa (fisica e cognitiva) aplicada a todos os jovens em idade escolar. Diz-nos a metodologia do treino que deveremos evitar a sobrecarga, correndo riscos de não haver supercompensação e adaptação funcional. Estou convicto de que a carga interna de um jovem em idade escolar lida com demasiada e desequilibrada carga externa diária. Se pensarmos que um jovem do ensino secundário deve aprender a sua língua e outras, calcular e raciocinar matematicamente, pensar no que faz, porque faz e porque existe, apreender conhecimentos específicos das áreas vocacionais que escolheu, fazer atividade física, aprender coisas dos desportos, saber estar, participar, cooperar, responsabilizar-se, organizar-se, aperfeiçoar ainda mais uma língua estrangeira, suprir dificuldades de assimilação dos conhecimentos anteriormente referidos, praticar um desporto, participar em atividades de âmbito associativo, musical, ir à internet, estar na internet, estar com a família, crescer em família…perguntamos onde há espaço interno para digerir isto tudo?

Tarefa herculeana terá o jovem que lidar com todos estes conteúdos da vida das 8 da manhã às 10 da noite. Este jovem assemelha-se ao jovem treinador de grau 1, ao iniciar a sua atividade: muitos conteúdos a ensinar, muitas necessidades dos jovens aprendizes, pouco tempo para treinar. Neste congestionamento que proporcionamos às crianças e jovens em idade escolar, deverão existir prioridades sociais, deverá existir uma bússola, uma organização e uma boa gestão da carga. As leis da aprendizagem e do treino poderão ajudar os professores, os governantes e os pais a perceberem que não vale a pena querer ensinar muito, mas o suficiente para que quem aprenda tenha tempo para tal, tempo para pensar, tempo para si próprio, tempo para a relação com os outros. Também quem ensina terá de ter tempo para avaliar, reajustar o processo de ensino e de treino, tempo para si e para os outros.

O tempo dos nossos tempos precisa de demasiado tempo. Esperamos ir a tempo de encontrar o tempo certo.

 

 


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