Uma imagem vale certamente muito mais do que mil palavras que se escrevam ou verbalizem relativamente ao valor da gratidão. Talvez até, a forma mais coerente de dar vida à expressão anterior possa passar,
simplesmente, por escrever o título deste artigo e tratar de melhorar a qualidade e o tamanho das fotos, realçando a grandeza e a ternura das ações nelas contidas.
Porém, atrevi-me a elencar o que realmente poderá significar gratidão destinado a quem desde tenra idade encontre, no contexto das atividades físicas e desportivas, um espaço de autoconhecimento e enriquecimento pessoal, numa perspetiva meramente humana de analisar a questão. Deste elenco, que me atrevo a partilhar, podemos nos identificar com mais ou menos aspetos. Todavia, não poderemos ficar indiferentes à força das imagens que temperam este atrevimento.
Um aspeto prévio importante tem a ver com a origem da foto. Não é da minha origem, logicamente, nem sequer adquiri os seus direitos de autor. As minhas desculpas aos fotógrafos e ao autor que teve a felicidade de juntar as duas. Porém, a força das imagens levam-me a escrever sobre as mesmas.
A gratidão é, na verdade, uma expressão cronológica da vida, na medida em que começa por ter de ser expressa aos nossos progenitores e a todos os esforços (mais ou menos agradáveis) que toda a vida farão em nosso benefício moral e cívico. Este é certamente o nosso primeiro cenário educativo. Privilegiados são os que pelo apoio dos seus pais conseguem caminhar e desfrutar da oportunidade de poder ter o nosso primeiro professor e treinador como alguém que, com paixão, dedicação e competência no que faz, nos transmite os primeiros saberes, nos proporciona os primeiros dribles e lançamentos.
Grande parte daqueles que optaram por prosseguir estudos na área das atividades físicas e desportivas, num determinado momento do seu percurso, tiveram a influência de alguém que transmitiu algo que significativamente os marcou e os direcionou para esta área. Esse alguém – professor ou treinador, ou até um atleta de referência – transmitiu um determinado exemplo, uma forte mensagem, um determinado saber, canalizando atenções para comportamentos e decisões daí decorrentes.
Esta é a força da primeira foto, ausente de cor, mas que simboliza o quão importante é transmitir uma mensagem verdadeira e genuína sobre algo que se quer ensinar. Mas como se não bastasse, a foto transmite-nos também a maior expressão de confiança, atenção e predisposição para aprender. Por vezes, não dispondo muitos de nós do talento de Kareem ou a mestria de John Wooden, negligenciamos a responsabilidade que temos na transmissão de conteúdo recheado de valor e leve de juízo. A gratidão passa por dedicarmos algum tempo, olhando para a foto mais antiga, a fazer trabalhar a nossa memória e a agradecermos silenciosamente por todos os contributos que os nossos sábios e dedicados professores e treinadores tentaram dar em prol da nossa evolução.
Depois de darmos intensidade e uso às nossas competências, ao nosso trabalho e ao nosso talento, o avanço da idade permite uma cuidada digestão de todos os sucessos e erros transformando-os, em conjunto com o conhecimento acumulado, numa energia que podemos perfeitamente utilizar em benefício dos que nos rodeiam, naqueles para quem temos a responsabilidade de ensinar e transmitir algo que mantém a natureza humana com possibilidades de continuar a evoluir. No entanto, imperfeitos que seremos, não podemos descurar a generosidade e à atenção de agir com gratidão pelos que nos possibilitaram a nossa evolução. Estou certo de que não seria necessário Kareem ter alcançado a notoriedade no Basquetebol para agradecer o contributo do seu Treinador, da forma carinhosa realçada na foto colorida. Não são apenas os que ganham que devem gratidão. Na verdade, o requisito essencial para vencer é nunca deixar de dar o melhor de nós. Garantida essa primeira vitória ficaremos mais serenos para conseguir alcançar a segunda. Nomeadamente aquela que se poderá expressar por um título desportivo, objetivos profissionais alcançados ou projeto concretizado.
Wooden ganhou duas vezes: no terreno quando levou as suas equipas ao sucesso desportivo em anos consecutivos, e simultaneamente na alma dos que dele aprenderam o valor do trabalho, da responsabilidade, da honestidade e do brio. Cada um de nós estará sempre grato por todos os ensinamentos e contributos dados por quem nos influenciou positivamente, mas mais gratos estaremos se procurarmos valorizar esse mesmo saber transmitindo uma versão mais evoluída do mesmo, expresso no valor das pessoas que possam estar sob a nossa responsabilidade enquanto alunos ou atletas. Esse é o nosso desafio, para o qual não podemos pensar em alcançar sozinhos. Se assim fosse nunca seríamos treinadores de equipas desportivas.
Comentários
Enquanto pudermos "ir a jogo", não deixaremos de, à procura de um lugar no cinco inicial (ou mesmo ficando no banco) suar a camisola.
Suar a camisola que, neste escrito do João, corresponderá a registar e enaltecer a sua brilhante evocação, intitulando-o de GRATIDÃO.
Um pouco aborrecido com alguns (lamentáveis) recentes acontecimentos, principalmente motivados por algumas mentes que, por (in) cultura desportiva acham (mal) que haverá que ganhar a qualquer preço, ao abrir e deparar com este brilhante escrito do João, associei-o a uma frase do meu autor atual, Augusto Cury, que nos transmite : "A mente humana é um grande teatro. O seu lugar não é na plateia, mas no palco, brilhando na sua inteligência, alegrando-se com as suas vitórias, aprendendo com as suas derrotas e treinando para ser a cada dia autor da sua história, líder de si mesma !"
Parabéns, João.
Aquele abraço.