Uma Lenda do basquetebol português?
 
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Uma Lenda do basquetebol português?

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Uma Lenda do basquetebol português?Convidam-me para dar o meu testemunho sobre o Professor Hermínio Barreto, a integrar na rubrica "Lendas do basquetebol português". O meu primeiro impulso é pensar que tal figura não é propriamente uma lenda, mas uma realidade bem presente e activa neste nosso mundo.

Poucos , como ele, produziram e transmitiram conhecimento que são marca para quem, hoje, se dedica à tarefa de ensinar basquetebol.

Difícil é escrever um texto sobre este tema: ou se dizem meia dúzia de banalidades ou cada ideia dava para um texto extenso e inteiro.

Por isso, que posso eu dizer dele que não seja do conhecimento geral, e acrescentar algo, por muito insignificante que seja, ao conhecimento do "velho" Hermínio?

"Velho" porque já ultrapassou os oitenta e cinco anos? nada disso, "velho" porque assim lhe chamávamos, carinhosamente, quando, em 67/68, entrou no INEF já com trinta e dois anos. Essa idade, a sua personalidade, o carinho pela garotada (nós, com mais de uma década menos) fizeram do Hermínio um líder incontestado do nosso curso. Tais características poderiam levá-lo a algum distanciamento dos restantes colegas. Nada disso!

Sempre participou activamente e deu o seu contributo ao colectivo do curso. Pessoalmente, sempre tive uma grande admiração pelo nosso "velho" , e a sorte de partilhar com ele muitas vivências no INEF/ISEF. Refiro algumas:

Fizemos parte da equipa de basquetebol (ele jogava muito, eu apoiava do banco) que disputou e venceu o "campeonato metropolitano universitário", o que nos levou ao País de origem do Hermínio, Moçambique, onde fizemos segundo lugar, perdendo a Final com a Universidade local, onde pontificavam várias figuras de proa do "nosso" basquetebol. O nosso treinador era o enorme Prof. Teotónio Lima (outra fonte inesgotável de aprendizagem).

Tanta história poderia ser contada dessa inolvidável viagem. No entanto não há espaço para tal num texto como este. Deixaria apenas o testemunho da mais inolvidável experiência da minha vida: a visita à fantástica Gorungosa.

No segundo ano, constituímos um grupo que se candidatou e venceu as eleições para a Associação de estudantes, sendo naturalmente, o "velho", o presidente. Aí participámos activamente nas lutas estudantis de 69. Experiência inesquecível e inédita na nossa escola.

Outras tantas histórias ficam por contar...

Anos mais tarde, o Hermínio, docente no já ISEF, deu-me a honra de me convidar para integrar o Gabinete de Basquetebol, que ele coordenou e onde tanto aprendi. Aí conheci uma vez mais a sua integridade e solidariedade, quando, num "golpe de mágica" me vi afastado da docência. Mais uma história que fica por contar.

A partir daí divergiram os nossos percursos profissionais, nunca deixando uma ligação sólida, quer pessoal, quer profissional, nomeadamente no âmbito da actividade da ANTB.

Eu, continuei a minha actividade de treinador, ele dedicou-se à docência universitária, já que considerava que a competição, onde era figura de primeiro plano como treinador, se coadunava mal com o seu caracter.

Tal opção, não abdicando nunca de se considerar um homem do basquetebol, levou-o a um doutoramento extraordinário porque se centrou no tema do basquetebol concreto, da prática concreta, algo que fugiu à orientação generalizada da investigação que, ao tempo, prevalecia na FMH.

E assim o modesto "velho" aluno do INEF, depois prof Hermínio Barreto, se transformou num dos Professores Doutores mais conceituados da FMH.

Frustrante é a sensação que me invade ao sentir que me aproximo do fim de um texto que fica muito aquém do que a figura do Professor Doutor Hermínio Barreto exigiria. Contar as tais histórias que ficaram por contar, aprofundar o que do ponto de vista da docência ele fez e significa, seria não só interessante como indispensável para fazer um retrato minimamente fiel do grande mestre.

Desculpem-me os leitores pela pobreza do texto. Mas convido-os a enriquecerem-no estudando profundamente a sua obra.

Desculpa "velho" companheiro Herminio a imagem tão limitada que deixo de ti. Acabo dizendo-te, tão só, que sempre serás um dos grandes Mestres que o nosso basquetebol teve. E um dos maiores amigos que cultivei na minha vida.

 

Comentários 

 
0 #3 João Ribeiro 12-11-2022 18:24
Do Basquetebol, entre muitas coisas, levo algumas que norteiam ainda hoje a minha vontade de me aperfeiçoar como pessoa: a humildade, a cooperação, a, a paixão por ensinar com paciência, ser confiável , usar o erro como oportunidade e a honestidade intelectual.
Obrigado Prof, Hermínio.
Obrigado Prof. Eliseu.
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+1 #2 Humberto Gomes 11-11-2022 21:01
Magnífico testemunho, afinal, porque 'o seu a seu dono'. Abraço fraterno.
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+1 #1 António Lopes 10-11-2022 18:31
É sempre um privilégio e aprendizagem ler algo sobre o prof. Hermínio, o Senhor Basquetebol na máxima expressão humana e pedagógica. Duplica o privilégio quando leio a partir das palavras de outro Meste, o prof. Eliseu. Obrigado.
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