Michel Gomez, um dos mais gloriosos treinadores franceses da atualidade, assumiu recentemente um novo desafio, o de treinar a seleção de Angola.
Vencedor de cinco títulos de campeão Francês e de uma Taça Korac, os mais representativos dos 11 títulos que constam do seu currículo, Gomez trabalhou em grandes clubes como o Pau Ortez, o Limoges ou ainda como selecionador nacional francês.
Recentemente, o experiente treinador assumiu um novo desafio, o de treinar a 13ª equipa do ranking da FIBA, a seleção angolana. Aquando da participação de Angola no torneio internacional de Guimarães, o Planeta Basket falou com o sucessor de Luís Magalhães, numa entrevista exclusiva.
Muito Bom Dia, Michel. O que conhece do basquetebol português?
Os meus primeiros contactos com o basquetebol no seu país deram-se nos anos 90, quando trabalhava no Pau Ortez. Na altura, defrontámos o Benfica, liderado então pelo atual técnico da seleção portuguesa, Mário Palma. Lembro-me que essa equipa jogava um basquetebol de alto nível, onde se destacavam Carlos Lisboa, um jogador fora de serie, Jean Jacques, José Carlos Guimarães e Mike Plowden.
Já assistiu e viu esta seleção nacional portuguesa a jogar. O que acha?
Apresentam um tipo de jogo europeu. No ataque jogam aberto, de forma simples e com muito controlo do ritmo ofensivo. A defesa é agressiva e traduz-se em rápidos contra-ataques. Dos jogadores, gostei do poste Évora, pois ocupa muito espaço e faz o trabalho sujo da equipa. Na posição 4 estão bem servidos com o Miranda, que marca nos momentos decisivos e é um autêntico playmaker. E cuidado com o Filipe (Filipe da Silva), que apesar de ser visível que ainda não está bem fisicamente, se irá assumir como o líder português em campo, como demonstra há já vários anos em França.
Porque assumiu este desafio chamado Angola?
Por várias razões. A principal foi a de poder participar nos Jogos Olímpicos. Acho que é um sonho para qualquer agente desportivo atingir este grande evento, que se disputa de 4 em 4 anos. Depois seguem-se outros desafios como a reorganização do basquetebol de formação em Angola, para tentar aproveitar os seus inúmeros talentos e criar formas e métodos para a formação dos jovens treinadores. Simplesmente achei a proposta da federação angolana cheia de desafios, o que a tornou muito aliciante.
Quais são, na sua opinião, os favoritos para o Campeonato Africano, que vai carimbar os passaportes para os Jogos Olímpicos de Londres?
O eterno favorito é Angola. Dos restantes, reconheço que neste momento não tenho muitas informações. Nos últimos anos, as equipas que atingiram as meias-finais foram sempre diferentes. Respeitamos todas as equipas, mas não temos medo de ninguém. Os meus medos e preocupações estão direcionados para preparar a minha equipa, neste caso a 13ª do ranking da FIBA, a seleção da Angola.
E a sua França: O que podemos esperar de Parker e companhia no Eurobasket da Lituânia deste ano?
Não sei. Sabem, o talento não chega… Juntar talentos não é suficiente. Se a seleção Francesa trabalhar bem e formar uma equipa, pode vir a tornar-se a surpresa na Lituânia.
A França tem as melhores condições na Europa e talvez no mundo, para trabalhar os jogadores em formação. Conseguimos formar atletas muito fortes do ponto de vista físico e técnico, pelo que temos equipas bastante fortes nos escalões jovens. No entanto, na minha opinião, temos uma falha grave, a leitura de jogo. Os nossos jovens saltam e correm em campo como verdadeiros atletas, dominam bem a bola, mas estão muito atrasados na leitura de jogo quando comparados com os sérvios ou com os espanhóis. E quando chegam a seniores, têm mais dificuldades em continuar a fazer a diferença…
Quais são, na sua opinião, os favoritos para o Campeonato da Europa deste ano?
É sempre complicado responder a essa questão. Na minha opinião, os favoritos são os homens da casa, a Lituânia e claro a poderosa Espanha. Acho que a Grécia e a Turquia não vão estar tão fortes este ano. Numa segunda linha de favoritos colocaria a Alemanha de Nowitzki e os jovens sérvios.
Seguem quatro perguntas “Blitz”
Qual foi o melhor jogador com quem trabalhou?
Gheorghe Mureşan.
O que respeita mais numa equipa?
Talento ao serviço da equipa.
A palavra mais usada nas tuas equipas?
Prazer.
Melhor momento na carreira?
Dois momentos inesquecíveis: a Taça Korac em 1988 com o Limoges. E em 1996 com o Pau Ortez; numa equipa composta apenas por jogadores franceses (por exemplo Antoine Rigaudeau, Irmãos Gadou, Laurent Foirest e Moustafa Sonko), conseguimos chegar aos quartos de final da Euroliga e ficámos a um curto passo de nos apurarmos para a final-four.
A sua mensagem para os leitores do Planeta Basket?
Continuem a visitar este magnífico site, que recentemente conheci. Ser educativo e transmitir mensagens positivas é uma missão que o Planeta Basket faz na perfeição.
O Planeta Basket aproveita esta oportunidade para desejar boa sorte a Michel Gomez e à seleção Angolana para os desafios que se avizinham.