A terceira jornada ficou marcada por momentos bem diferentes, com alguns jogos intensos e decididos sob o apito e terminando com um jogo-treino dos americanos.
O dia acabou de forma espectacular com o atropelamento dos americanos à Nigéria (156-73). Num jogo de pouco ou nenhum interesse competitivo, os americanos apresentaram-se concentrados desde o início, ao contrário do que tinham feito com a Tunísia e ofereceram aos seus adeptos um festival de pontos. Os norte-americanos bateram o anterior máximo de pontos marcados num só jogo do torneio olímpico (o anterior máximo, 138 pertencia ao Brasil em 1988) e o recorde de maior diferença pontual (o anterior era de 68 pontos no EUA 116 - 48 Angola de 1992), e apenas ficaram aquem do recorde de encontro com mais pontos marcados nos Jogos, que se mantem o Brasil 130 - 108 China, em Seoul 1988. Do ponto de vista individual, Carmelo Anthony foi o atleta mais inspirado do dia com sensacionais 37 pontos em apenas 14 minutos de utilização.
Tambem em jogos a contar para o grupo A, a Argentina despachou a Tunísia por 92-69, mesmo sem contar com o base Prigioni, a recuperar de uma ligeira lesão enquanto a França obteve uma boa vitória diante da Lituânia (82-74), no jogo que terá decidido quem fica no 4º lugar do grupo. Com esta derrota, os lituanos não deverão escapar a esta posição que os coloca em rota de colisão com o vencedor do outro grupo. Destaques individuais para as boas exibições de Tony Parker (27 pontos) e Nicolas Batum (21) pela França e Linas Kleiza (17 pontos e 6 ressaltos) pela Lituânia. No outro jogo, Scola (20 pontos e 10 ressaltos) e Ginobili (24 e 6) foram demasiado fortes perante uma Tunísia que teve em Mejri (19 e 14) o elemento mais produtivo.
Mais interessantes de acompanhar foram os encontros do grupo B.
A Austrália obteve a sua primeira vitória na prova ao derrotar a China por 81-61, naquele que foi o jogo mais dilatado do dia neste grupo. Os Boomers dominaram as tabelas e mantiveram os chineses abaixo dos 30% nos lançamentos de 2 pontos, para alcançar a vitória que os mantem na corrida pelos quartos de final.
A surpresa do dia surgiu no jogo que opôs a equipa da casa, o Reino Unido à actual vice-campeã olímpica, Espanha. Num jogo em que a Espanha partia como clara favorita, não se esperava tanto equilíbrio, muito menos que este perdurasse até aos segundos finais. A Espanha que voltou a não contar com Navarro continua a jogar q.b. sem entusiasmar muito e a dar mostras de algum excesso de confiança, enquanto do outro lado os guerreiros britânicos, desejosos de oferecer um triunfo ao seu público, tudo fizeram para o conseguir. Os espanhóis pareciam ter o jogo sob controlo, mantendo praticamente sempre a distância na casa das dezenas, no entanto, ao não darem uma verdadeira sapatada no marcador, permitiram que os britânicos continuassem a acreditar. O final do jogo foi emocionante, com os triplos dos da casa a reduzirem a diferença e com a Espanha a responder através da pontaria de Calderón da linha de lance livre. Estranho, estranho foi o que se passou nos segundos finais, pois após terem convertido o triplo que colocou a partida a um ponto, os britânicos esqueceram-se ou já não tiveram forças e/ou discernimento para fazer falta para parar o relógio. E assim terminou o jogo com Calderón a fugir dos britânicos, nos cerca de 7 segundos que havia por jogar acabando a partida com a vantagem mínima para a Espanha, 79-78.
O jogo do dia foi o Rússia-Brasil. Frente a frente, estavam dois conjuntos que em Londres, só conheciam o sabor da vitória. Mas hoje (ontem), um deles teria de perder. O Brasil entrou melhor no jogo e comandou na fase inicial. A reacção russa não se fez esperar e ao intervalo já lideravam por 40-32. Como é habitual em jogos entre equipas competitivas, estas vão tendo os seus momentos na partida e no terceiro período, o Brasil voltou a estar melhor. Chegado o momento das decisões, o treinador Magnano optou por manter o seu base suplente, o norte-americano naturalizado Larry Taylor, em campo, tendo em conta o seu bom rendimento até então. E foi a pontaria de Taylor que colocou os canarinhos na frente à entrada dos minutos finais. Respondeu a Rússia através de Shved, quer a assistir para os seus colegas, quer a marcar de longe. Mas o Brasil parecia ter o jogo no papo com posse de bola e menos de meio minuto para jogar. No entanto, um turnover de Marcelinho Huertas deu aos russos uma última oportunidade. Após desconto de tempo de Blatt, e com bola fora na linha lateral, os russos apostaram em Fridzon para um lançamento triplo do canto. Foi o seu único triplo tentado no jogo e caiu sem espinhas. Um momento de glória para os russos, que se mantiveram assim na liderança do grupo a par dos espanhóis.