O treinador é o elo mais fraco do nosso desporto. Exerce a sua profissão sob um elevado escrutínio público dependendo da obtenção permanente de resultados para que continue a sua actividade.
Muitos deles exercem estas funções de forma graciosa pelo prazer de estarem envolvidos no processo desportivo.
Sendo a figura central do processo de treino não tem o reconhecimento social que merece.
Não há legislação laboral adaptada à profissão de treinador e do ponto de vista de remuneração há treinadores que pagam para treinar.
Em Fevereiro de 2014 numa das minhas habituais notas escrevia:
“Ser treinador profissional de basquetebol nunca foi modo de vida. Mesmo quando os vencimentos não diferiam de outros sectores profissionais era uma autêntica aventura arriscar numa profissão dependente de resultados e sujeita a uma enorme pressão pela perspectiva de perder a única fonte de rendimentos familiar e sem recursos para anos sabáticos."
E, mais adiante, acrescentava:
“Para a maioria dos treinadores portugueses, treinar tornou-se um “hobby” decorrente da sua paixão pela modalidade; de facto, usufruir vencimentos que oscilam entre 100/200 euros mensais e custear uma formação curricular e contínua, agora mais rigorosa e exigente, não é acessível para todos.”
Nada se modificou desde então.
A nossa A.N.T.B. no processo de candidatura para 2016/2018 para além da profissionalização dos treinadores do alto rendimento propunha:
- Exigência da entrega de contratos de trabalho dos treinadores na Federação aquando da candidatura das equipas na Liga e Proliga;
- Um valor mínimo de remuneração para o treinador principal e adjunto na Liga e Proliga.
No processo de candidatura para o biénio 2018-2020, compromete-se a disponibilizar assessoria jurídica mas no seu plano de acção e nas prioridades de actuação nada refere a propósito dos dois itens anteriores.
Reconhecemos a complexidade do problema mas avançar para a sua solução é reconhecer a importância social do treinador, respeito por nós próprios, dignos da forma de vida que escolhemos e fazer da nossa paixão a nossa profissão.
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