Basquetebol com utopia
 
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Basquetebol com utopia

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Basquetebol com utopiaE quando os jovens voltarem a poder competir? Tudo será igual? Teremos os mesmos modelos de competição? A utopia deste artigo assenta na ideia de que possa haver reflexão sobre as competições de jovens – do significado dado às mesmas

até à definição clara do que se pretende com as mesmas. Até porque as possibilidades de voltarmos para uma situação de confinamento poderá ser uma realidade. Aliás, ainda nem saímos desta, já estamos a considerar que poderemos estar sujeitos a outras medidas que nos obrigarão a interromper este progressivo e lento regresso à normalidade. Nessa altura a interrupção de competição voltará a gerar uma sensação de eventual desmotivação dos praticantes, que beneficiando da competição para aferirem os seus progressos e tentarem superar-se, vêem o caminho novamente bloqueado. Daí que já tenhamos um argumento de peso para que possam ser criados princípios para a organização de competições de jovens – preparar o imprevisto em tempo de incerteza.

Não obstante o argumento anterior, parece-me que também este tempo constitui uma oportunidade para mudar e tornar diferente e inovadora a oferta dos modelos competitivos das competições jovens, entendendo cada modelo como capaz de proporcionar a estimulação de competências e capacidades de resolver os desafios próprios de cada modelo competitivo. Mas acima de tudo ser capaz de trazer para a modalidade mais praticantes.

Há alguns anos atrás, num Fórum das Competições promovido pela Associação de Basquetebol de Leiria o nosso companheiro treinador José Miranda deixou, na sua intervenção, um contributo precioso para ajudar a reflectir no momento de pensarmos quais os melhores modelos competitivos para as competições jovens. Princípios que ajudassem na construção de quadros competitivos a nível associativo:

  • volume elevado de jogos;
  • condições de equilíbrio entre as equipas;
  • quadros competitivos curtos mas durante toda a época;
  • variedade de quadros competitivos (tipo e natureza);
  • pequenas pausas entre competições para consolidar aprendizagens;
  • tentar não eliminar os derrotados;
  • de preferência competições regionais e inter-regionais (tendo em consideração a proximidade geográfica);
  • controlo de despesas referentes às diferentes provas;
  • atribuição de prémios a todos os participantes.

Se acrescentarmos aos princípios anteriores constrangimentos de peso para a sua concretização podemos, desta forma, concluir e identificar os seguintes:

  • a assimetria do nosso território nacional e distrital;
  • os recursos financeiros necessários para que as equipas do continente e dos arquipélagos dos Açores e Madeira possam ter mais oportunidades de competir entre si;
  • o paradoxo entre a heterogeneidade do nível das equipas a nível nacional e a necessidade das mais fracas terem oportunidades de jogar com equipas mais fortes (facto que tem levantado problemas nas equipas mais fortes, porque sentem que é desperdiçar recursos financeiros percorrerem 500 km num dia para jogarem e o resultado final ser altamente desnivelado a seu favor);
  • as dificuldades dos clubes disporem de recursos financeiros para poderem participar em competições de âmbito nacional, percorrendo bastantes km; a eterna incompatibilidade da calendarização entre pontos altos do desporto federado juvenil e do desporto escolar;
  • a carga horária elevadíssima para que praticantes que frequentam o ensino secundário compatibilizem as exigências académicas com as exigências do treino diário e de competições nacionais exigentes;
  • a difícil compatibilização entre competições nacionais e associativas ou interassociativas no sentido calendarizar início e términos de cada uma delas ao longo da época desportiva. Criando sobreposição de alguns pontos altos;
  • permanente ocupação de fins de semana, impossibilitando o convívio familiar (exceto quando os Pais acompanham permanentemente a vida desportiva dos seus filhos. Que é frequente mas que também é frequente existirem Pais que não têm essa possibilidade ou contextos onde isso não é possível).

Não querendo que este artigo seja demasiado extenso, nem pessimista, atrevo-me a dar continuidade ao mesmo na próxima semana, procurando partilhar um mero ponto de vista para que cada princípio acima apresentado e cada constrangimento possam ser alcançados e atenuados respectivamente.

No entanto, não gostaria de terminar este artigo sem deixar duas questões prévias que, no meu entender são a base de qualquer plano de atuação ou construção de modelos competitivos. E que naturalmente não devemos esquecer:

  • o que queremos para as competições de cada um dos escalões?
  • que significado queremos dar às competições desportivas de jovens?
  • o mesmo significado em todos os escalões?

 

 


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