Não me foi fácil encontrar informação sobre a realização dos jamborees realizados ao longo dos anos até ao ano 2000. Contudo os jamborees foram eventos que marcaram a história do minibásquete nacional e internacional, desde os anos 70 do século passado.
Como estou a fazer um apelo à memória posso estar a incorrer em dados não precisos. Para além da imprecisão, que esta informação possa conter, penso que a primeira vez que Portugal entrou num jamboree internacional foi no ano de 1972 em que estiveram presentes como treinador o Prof. Mário Lemos e dois minis o José Couto, filho do então presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol Máximo Couto e outro jovem de quem não me recordo o nome. Na sequência dessa participação o Prof. Mário Lemos passou a ser membro do Comité Internacional de Minibasquetebol C.I.M, sendo um dos primeiros portugueses a fazer parte de um organismo internacional da modalidade.
Como referi não consegui obter a totalidade dos dados sobre a sequência dos jamborees, nacionais e internacionais realizados depois de 1974. Contudo, o recurso aos amigos Luís Laureano, César Castro, Henrique Santos e Fernando Lemos, permitiram-me avançar com alguns dados.
Das minhas investigações o que para mim fica claro é com o advento das ideias de “Menos Estado melhor Estado”, que começaram a ganhar força a partir dos anos 80 a Direção Geral têm cada vez menos protagonismo no desenvolvimento do minibásquete, que assim ficou definitivamente entregue à Federação Portuguesa de Basquetebol.
O que para mim ficou também ficou claro é que durante a década de 90, quando o desenvolvimento do minibásquete já estava completamente entregue à Federação, esta, no essencial limitou-se a organizar até 1997 jamborees nacionais e participar de tempos em tempos nos jamborees europeus promovidos, primeiro pelo CIM e após a extinção deste organismo, pela FIBA Minibasketball liderada por Kenneth Charles. Em 2004 com o surgimento da FIBA Europa e a extinção da FIBA Minibasketball deixaram-se de realizar jamborees internacionais de minibásquete. O último jamboree europeu, que como mais adiante noutro contributo para a história do minibásquete referiremos, decorreu em 2003 na ilha da Madeira.
Durante este período de alguma menor atenção federativa relativamente ao minibásquete, houve algumas iniciativas promovidas por clubes como por exemplo a Ovarense, no tempo do Prof. Luís Magalhães, que movimentaram várias centenas de crianças do primeiro ciclo do concelho de Ovar.
Contudo muitas destas iniciativas, que também surgiram com maior ou menor expressão mesmo depois do ressurgimento e integração do CNMB, no ano 2000 no seio da federação, têm sido sempre fogo fátuo e com pouca continuidade.
Gostaria de enumerar a totalidade dos jamborees realizados até 2000, contudo não consegui reunir esses dados, mas o que demais importante fica desse período é que a FPB, para o minibásquete, praticamente se limitava a apoiar as associações que se candidatavam à organização, um por ano, dos jamborees nacionais.
os dados sobre jamborees que me foram fornecidos pelo Luís Laureano fica perceptível a transição da DGD para a FPB. Estes foram os jamborees internacionais em que o Prof. Luís Laureano participou. Exceto o jamboree de 1996, que contou com a colaboração do Fernando Lemos, que também mencionou o envolvimento da Inês Barroso, que nessa ocasião em conjunto com o Prof. Mário Silva eram responsáveis, tanto quanto pude apurar, pelo minibásquete na FPB.
Jamborees Internacionais
1981 Jamboree Internacional de Minibasquete - Toulouse - França
(Prof. Eduardo Monteiro responsável do Plano de Desenvolvimento da D.G.D)
1991 Jamboree Internacional de Minibasquete – Atenas - Grécia
(DTN da F.P.B. Prof. Manuel Fernandes)
1993 Jamboree Internacional de Minibasquete - Lisboa - Portugal
(Responsável pelo setor da captação na FPB Prof. Mário Silva)
1996 Jamboree Internacional de Minibásquete – Oeiras – Portugal
(Responsável pelo setor de captação na FPB Prof. Mário Silva
1997 Jamboree Internacional de Minibasquete – Matera - Itália
(DTN da FPB Prof. Manuel Fernandes).
Jamborees nacionais
O Henrique Santos participou no primeiro e o César Castro, que esteve envolvido no último jamboree, teve o cuidado e a amabilidade de me enviar a documentação desse evento onde fica claro que no último jamboree, a Federação atribuiu uma verba à Associação que organizou o evento, ficando esta responsável por todo o enquadramento humano e técnico. Nas conclusões do X Jamboree sugeria-se que deveria haver acompanhamento de um responsável da Federação durante o evento. Este foi o último jamboree antes da integração do CNMB no seio da Federação.
Eis alguns dados dos Jamborees Nacionais
1988 I Jamboree Nacional de Minibásquete – V. R. de Santo António
(Responsável pelo setor da captação na FPB – Prof. Mário Silva – Organização AB Algarve).
1990 III Jamboree Nacional de Minibasquete - Évora
(Responsável pelo setor da captação na FPB Prof. Mário Silva – Organização da A. B. Évora).
1996 IX Jamboree Nacional de Minibásquete – Torres Vedras
(Responsável pelo setor de captação na FPB Prof. Mário Silva – Organização da A.B. Lisboa)
1997 X Jamboree Nacional de Minibásquete – Vila Praia de Âncora
(DTN da FPB Prof. Manuel Fernandes).
Para compreender o que era a filosofia e “qual o espírito que deve envolver esta actividade para os jovens” (1) transcrevo algumas passagens dum artigo de Mário Silva publicado no Jornal “Gazeta dos Desportos” a propósito do Jamboree Internacional de Sada, onde Portugal esteve presente.
“É hoje claro que a filosofia que preside ao “mini” na Europa aposta para um jogo educativo que visa introduzir as crianças no desporto, aumentando-lhes o número de experiências de forma a contribuir, decisivamente, para a sua formação. Não há que confundir; o “mini” não pode ser uma escola de jogadores do basquetebol. Destina-se a todos os jovens, os mais e os menos aptos.
É tempo de dizer não à competição, sob pena de não estarmos a contribuir para a formação dos jovens. Não é justo eliminarmos da prática desportiva os “menos aptos” que podem, eventualmente, estar mais atrasados no seu processo de maturação, mas possuírem um potencial superior aos que agora os suplantam, ou, no caso inverso, dar mais atenção aos que retiram vantagem duma maturação precoce, mas que, no futuro, poderão não demonstrar o “talento” necessário para alcançar um nível elevado. (…) Sendo o processo pedagógico dirigido por monitores, na sua maioria sem qualquer formação técnico-pedagógica, competirá à FPB – agora que, finalmente parecem estar reunidas as condições mínimas para o reinicio dos Cursos de Formação para Técnicos dos diferentes níveis – divulgar a filosofia correcta do “mini”, de forma a que o processo pedagógico possa atingir os seus objectivos. Do mesmo modo, será também da responsabilidade da FPB, em conjunto com as associações, a programação de um conjunto de actividades, que culminará não numa fase final dum campeonato, mas sim num Jamboree Nacional de participação alargada.” (2)
Em anexo poderá ler na íntegra o mencionado artigo.
(1) Silva, Mário – Artigo publicado no jornal “Gazeta dos Desportos”
(2) Silva, Mário – Ibidem
Anexo | O II Jamboree Internacional de Sada