Será errar mau?
 
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Será errar mau?

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Será errar mau?Vivemos numa sociedade e cultura onde o erro cada vez mais é um ato condenável e não humano.

O artigo desta semana é uma mistura da minha vivência em Espanha e de pensamentos que venho a colecionar na minha cabeça ao longo dos anos, derivado de experiências, conversas, artigos e relações que vou construindo.

Considero-me um sortudo devido a ser uma pessoa que tem tido as condições de poder viver em diferentes países, aprender com diferentes culturas e acima de tudo ter a capacidade de as respeitar mesmo que por vezes possa não concordar.

A ideia deste artigo deriva de uma aula que tive no início da semana de uma modalidade que não é o basquetebol, mas sim, o andebol, aula esta onde o professor abordou uma questão que cada vez mais considero importantíssima na formação de um jovem atleta. Até que ponto estamos a condicionar o erro na prática desportiva sendo um entrave para o seu desenvolvimento e para a abertura das enumeras portas que fazem esse processo de construção essencial na sua estruturação como pessoa e atleta?

Nós todos somos os culpados de considerarmos que o erro é quase como um pecado, pois vejamos, as crianças assim que começam a ter alguma autonomia têm que ser as melhores da sua turma, têm que pertencer a quadros de honra, são obrigadas a ficar sentadas horas e horas a ter aulas quando deveriam estar a ter práticas mais livres e físicas (na primária as crianças fazem o oposto do que a sua natureza lhes pede), saem da escola e têm atividades extras, línguas, informática, vivem num mundo competitivo onde o segundo lugar é considerado o último dos primeiros (completamente errado) e acabam por se tornar mestres aos 23 anos sem nunca terem percebido o que é um dia trabalho ou  algo parecido.

Sem dúvida que as condições gerais de vida estão melhores mas o acima descrito, aplicado ao desporto enquadra-se perfeitamente. Esta é um dos grandes debates do desporto espanhol, onde se traça o limite do erro, do espaço para se errar, qual a importância de se deixar errar para se atingir patamares não antes atingidos?

Sem dúvida que em Espanha a prática informal desportiva contribui muito para os jovens atletas poderem errar e aprender, mas o mais curioso é que este tipo de comportamento também é usado no desporto organizado.

Como disse atrás, a minha aprendizagem constante deriva de vários fatores e um deles prende-se com as relações pessoais que vou construindo, neste sentido vejo a presença de San Payo Araújo como uma relação que trouxe um contributo muito valioso à minha vida, não só em termos de basquetebol mas acima de tudo como pessoa. Sendo ele o convidado especial dos Campos MVP 2011, tenho mantido uma relação muito aberta e construtiva, que às paginas tantas relatava aquilo que presenciou em Collell, especialmente o modo como o painel de treinadores separava os atletas em grupos, deixando-os jogar e dando de tempo a tempo algumas indicações, restringido inteligentemente o decorrer da atividade de modo a que possam perceber que, acima da parte técnica, o que faz um atleta de basquetebol é aquilo que o faz como pessoa, as suas motivações, qualidade e defeitos. Se mostram coragem de “tentar” uma falta atacante, se são capazes de querer uma bola perdida mais do que o outro, se mesmo quando um colega falha um cesto sozinho são os primeiros a dar um reforço positivo.

Em Portugal pode-se aprender muito com este tipo de orientação pois acima de tudo estamos a lidar com pessoas que por acaso naquela hora e meia estão a praticar basquetebol mas que acima de tudo estão numa fase de crescimento cognitivo e psicológico. Perceber primeiro quem somos e que tipo de jogadores temos é o primeiro passo para podermos exigir e pedir aos nossos atletas para nos seguirem sem hesitar, porque eles vão errar, e ainda bem que o fazem porque o erros fazem com que eles abram outras portas que nunca lá chegariam. No entanto continuamos a ver muitos treinadores aos berros nas linhas laterais a exigir de crianças aquilo que na mente delas pode parecer perfeito mas que na realidade não são eles que estão a sentir todas as transformações diárias de uma puberdade cada vez mais competitiva e por vezes sufocante. Errar é essencial para que a equação faça sentido no final porque acima de tudo todos estamos num processo de desenvolvimento, não interessando a idade que temos.

Gostaria muito de ver San Payo Araújo a partilhar tudo o que viu em Collell, pelo país fora de modo a que todos os treinadores pudessem perceber aquilo que eu tenho observado nesta experiência por terras madrilenas e que certamente irei por em prática nos Campos MVP 2012.

You know!

Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico

 

 


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