A constituição da selecção Olímpica Americana que está a competir em Pequim, revela uma das crises do actual basquetebol Norte-Americano, a ausência de jogadores grandes capazes de jogar de costas para o cesto.

Apenas Dwight Howard cabe neste perfil em certa medida.

É que o jovem é mais um puro-sangue, um jogador poderoso que usa predominantemente o seu físico, utilizando o trabalho de poste apenas como recurso. 

Ao aperceber-me disto, resolvi fazer uma análise aos postes que jogam actualmente na NBA e os resultados que encontrei foram surpreendentes.

O Kendrick Perkins, o Erick Dampier, o Ben Wallace, o Aaron Gray, os irmãos Collins e o Emeka Okafor são tipos grandes e fortes com ainda menos argumentos ao nível do trabalho de poste, que Howard.

O Brad Miller, o Spencer Hawes, o Mikki Moore, o Mark Blount, o Michael Doleac e o Al Horford são mais eficazes a jogar a poste alto, de frente para o cesto.

O Joakim Noah e o Tyson Chandler são corredores, ágeis, lutadores e guerreiros, mas não procuram o jogo a poste baixo.

Dizem que o Brendan Haywood tem um grande talento em ambos os lados do campo, mas parece que ele consegue manter esse talento em segredo.

O Joel Pryzbilla não consegue marcar com um lápis.

O Marcus Camby tem muito estilo mas já não tem poder.

O Jermaine O'Neal perdeu o seu apetite para batalhar pelas posições a poste baixo.

O Andrew Bynum tem um bom semi-gancho com a mão direita e algumas outras boas movimentações debaixo do cesto, mas marca a maioria dos seus pontos através de segundos lançamentos ou de cortes para o cesto.

O Pau Gasol foi o poste dos Lakers na época passada, mas vai presumivelmente voltar à sua posição de extremo-poste na próxima época.

O Rasheed Wallace é um bom marcador a jogar a poste baixo, mas prefere vir cá fora lançar triplos.

O Chris Kaman consegue os seus números sobretudo através de rotações sobre si próprio, mas os seus movimentos são muito mecânicos.

O Zach Randolph e o Eddy Curry têm ambos físico para ser bem sucedidos a jogar perto do cesto, mas enquanto o primeiro é egoísta e preguiçoso, o segundo faz pouco mais.

O Shaq dominou a liga nos últimos anos, mas actualmente já não está tem condição física para tal.

O Amare Stoudemire é um jogador grande e rápido que precisa de encarar os seus oponentes para depois os ultrapassar.

Não é pois, uma surpresa que dois dos mais influentes jogadores interiores da NBA sejam estrangeiros, Yao Ming e Zydrunas Ilgauskas.

Outros importantes postes estrangeiros a actuar na liga são o Andrew Bogut, o Nené Hilário, o Fabricio Oberto, o Rasho Nesterovic, o Andris Biedrins, o DeSagana Diop e o Samuel Dalembert.

E o leque de postes estrangeiros não acaba aqui, apesar de menos talentosos é surpreendente o número de atletas estrangeiros que competem nesta posição, como Adonal Foyle, Francisco Elson, Dan Gadzuric, Jamaal Magliore, D. J. Mbenga, Darko Milicic, Dikembe Mutombo, Zaza Pachulia, Johan Petro, e Jake Tsakalidis.

De facto, o desaparecimento de verdadeiros postes de raíz permitiu o domínio do jogo interior aos power forwards como Tim Duncan, Elton Brand, Carlos Boozer e Kevin Garnett.

Onde é que estão os jogadores grandes nascidos nos EUA? Quando é que a NBA vai voltar a ter jogadores como Wilt Chamberlain, Moses Malone, Bob Lanier, Elvin Hayes, George Mikan, Patrick Ewing (nasceu na Jamaica foi criado nos EUA), Willis Reed, Alonzo Mourning, Kevin McHale, Robert Parish, Artis Gilmore, Brad Daugherty, Walt Bellamy, Larry Foust, Neil Johnston, David Robinson, Jack Sikma, Kevin Willis, Zelmo Beaty, Nate Thurmond ou Kareem Abdul-Jabbar?

Enquanto isto, os Portland esperam que Greg Oden se torne no mais dominante jogador da Liga. No entanto, de acordo com a sua carreira universitária, Oden demonstrou um eficaz mas lento gancho com a mau direita, um tremido gancho com a esquerda e bons movimentos debaixo do cesto terminados normalmente em afundanço. Os lançamentos longos não são o seu forte.

Mas como é que chegamos a este ponto?

• Muitos jovens jogadores grandes estão relutantes em ir lutar para debaixo do cesto, não aprendendo o necessário trabalho de pés.
• Demasiados jogadores grandes, influenciados pelo que vêm na tv, estão mais interessados em fazer grandes afundanços e em lançar triplos.
• Nos escalões jovens, há poucos treinadores de homens grandes conceituados.
• Nos jogos All-Star em todos os níveis de competição quem controla os jogos são os bases que têm a bola nas mãos. Os homens grandes limitam-se a marcar presença.
• A legalização de zonas e de situações de 2x1 na NBA diminuiu a influência dos marcadores interiores, especialmente daqueles que não conseguem passar a bola.
• E o que se pode fazer para rectificar esta situação?
• De alguma forma, encontrar ou desenvolver treinadores/professores (especialistas em jogadores interiores) para os escalões jovens. Isto será muito difícil de ser conseguido visto que há muito poucos professores para ensinar estes futuros professores.
• Dar mais importância ao jogo interior desde os níveis de competição mais jovens, o que também é difícil visto que nem sempre os miúdos crescem o suficiente para se tornarem postes a nível senior.
• Tirar a bola dos bases durante os jogos All-Star entre jovens.

Existe, contudo, outra solução desenvolvida por um amigo meu, o falecido Eddie Mast (Knicks, 1970-72; Hawks, 1972-73) e que sempre resultou.

O Eddie costumava esconder um pin nas meias e antes do início do jogo, tirava algum ar da bola sem que ninguem se apercebesse. Assim que o jogo começava, os bases ficavam frustrados pelo facto de não conseguirem driblar bem a bola e como resultado libertavam-na mais para os jogadores interiores.