Pedagogia do afeto - Parte 2
 
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Pedagogia do afeto - Parte 2

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altNa sequência da tradução do artigo “Pedagogia de la Carícia” que tomei a liberdade de traduzir pela “Pedagogia do Afecto” o Planeta Basket recebeu um agradecimento do Pablo Esper pela publicação do artigo.

De seguida recebi o honroso convite para ser seu amigo no facebook, que naturalmente acedi.

Nunca tive o prazer de falar pessoalmente com o Pablo Esper, contudo há mais de 10 anos, desde que o Nuno Leite me inclui na “mailing list” inicialmente do Baloncestoformativo e posteriormente do Deporteinfantil, que recebo regularmente informação no meu email das suas actividades e do seu trabalho, que muito admiro e aprecio.

Nos artigos da “Pedagogia de La Carícia”, que resolvi traduzir, muitas dos princípios pedagógicos enunciados, já os manifestei em diversos artigos e no Manual de Minibásquete. Mais do que os conceitos e princípios enunciados nos artigos, o que mais me encantou foi a forma simples, compreensível e humana como estes estão expostos e a originalidade do conceito da pedagogia do afecto.

Quem se der ao trabalho de procurar no youtube vídeos do Pablo Esper, mais do que ver os exercícios que apresenta, deve-se centrar na forma inteligente e humana como lida e põe as crianças motivadas e a pensar.


A pedagogia do afecto - Parte 2
por Dr Pablo Di Cesare Esper

Começamos o primeiro artigo intitulado “Pedagogia do Afecto” afirmando que a pedagogia na formação e ensino do desporto com as crianças é um assunto abordado poucas vezes nos “clinics” e acções de formação. Estes privilegiam a demonstração de muitos exercícios e movimentos, mas não se detém sobre como corrigir erros, ou no motivo pelos quais estes surgem.

Devemos lembrar que este artigo está orientado para a formação de jovens jogadores de basquetebol, pelo que há no nosso programa, três fundamentos que servem de base aos princípios da pedagogia do afecto.

  1. Em primeiro lugar existem as crianças, depois é que pensamos nas vitórias.
  2. O desporto para as crianças deve ser divertido.
  3. O esforço tem que ser tão recompensado como um bom resultado.

Este segundo artigo da pedagogia do afecto aponta para alguns aspectos fundamentais a ter em conta no processo de ensino e aprendizagem das crianças, que querem aprender basquetebol. Também tem por objectivo tecer diversas considerações que sirvam para melhorar o desempenho dos treinadores nas suas sessões de treino. Esta melhoria pode ser alcançada, não só do ponto de vista da proposta dos exercícios, mas também através da melhoria das relações humanas e da organização da prática. São princípios simples que irão ajudar os treinadores a melhorar suas actividades diárias.

Uma das primeiras tendências do jovem treinador ao explicar um exercício a uma criança é dar demasiada informação com pormenores, que estão fora da capacidade de compreensão da criança, é por isso, que as nossas recomendações no momento de apresentar uma tarefa às crianças, são as seguintes:

  • Comunique com entusiasmo (na hora do treino o treinador deve ser o primeiro a estar motivado)
  • Fale com clareza
  • Seja breve

No momento de apresentar a tarefa recomendo que:

  • Consiga a atenção do grupo, desenvolva algumas rotinas e na comunicação mantenha o contacto visual com todas as crianças.
  • Nas demonstrações organize o grupo de forma a que todas a crianças possam ver o que vai apresentar.
  • Dê um nome ao exercício ao gesto técnico que vai apresentar e também uma razão para o aprender.

Em relação à demonstração do exercício ou dum gesto técnico, estes podem ser feitos pelo treinador ou por um dos jogadores, contudo é importante para ser eficaz, que se for o treinador ou quem vá demonstrar, quer seja com a mão direita, quer seja com a mão esquerda, que seja com correcção, já que esta será a primeira imagem motora para a criança.

Alguns pontos-chave para a execução de uma demonstração correcta são:

  • Preparar o grupo para a demonstração: chamar a atenção para o que se deve observar
  • Demonstrar e explicar o elemento técnico em questão: a explicação deve ser simples e breve e dirigir a atenção do grupo para as principais sequências da acção.
  • Verificar se os jogadores compreenderam e formular  perguntas  directamente  relacionadas com a demonstração. Nunca dar por entendido e assumido e passar directamente ao exercício.

Quanto ao tipo de informação a fornecer realçamos a importância da orientação dada aos atletas para realização das tarefas. Os objectivos desta informação são, principalmente, para corrigir os erros cometidos. Para as correcções leve em consideração os princípios básicos da pedagogia do afecto. Ninguém reage melhor, quando apenas referimos os erros. Primeiro reforce as virtudes e seguidamente refira os erros, já que ninguém reage melhor quando apenas mencionamos os erros, pelo que propomos que treinadores das categorias da formação comuniquem as correcções pela seguinte ordem:

  • Estimule a criança a não desistir. É muito importante não deixá-la desistir e fazê-la ver que tem de ter vontade para resolver a situação.
  • Observe e identifique o erro concreto determinando a sua causa. Tente corrigir o erro logo que este surja, tentando eliminar o aspecto que impossibilita a sua execução.
  • Preste informações eficazes e frequentes.
  • Elogie sempre que tal se justifique.
  • Seja sincero e honesto na informação que dá à criança.
  • Use informações simples e precisas. Não sobrecarregue as crianças com informações.
  • Procure assegurar que os atletas entendem as instruções.
  • Dê informações, se possível, logo após a conclusão da tarefa.

Nem toda a comunicação usa apenas a palavra. Na verdade, sabemos que mais de 75% de todas as informações que recebemos não são por via verbal, chegam nos por de uma forma que é não-verbal. Pelo que se pode concluir que a informação não-verbal representa um papel vital no processo de comunicação.

Assim, para obter resultados positivos na comunicação é importante para o treinador ter consciência das mensagens não-verbais, que envia às crianças e reconhecer as mensagens verbais que estas lhe enviam. Quanto mais sensível o treinador for à comunicação não-verbal, maiores possibilidades terá de interpretar correctamente os sentimentos e as atitudes dos jogadores com que trabalha diariamente.

Os seus gestos e movimentos e a sua atitude corporal podem melhorar a estrutura do seu discurso. Com as mãos podem mostrar como é que as crianças se devem agrupar, para onde se devem dirigir. As mãos podem apontar objectos, ou alguém, quando repreendido, ou ajudam a realçar aspectos positivos, muitas vezes feito em combinação com a modelação do tom de voz.

Há gestos que contem a sua própria mensagem. Por exemplo, o gesto do árbitro no basquetebol, indicando a desqualificação de um jogador. Este é realizado apenas numa acção, as palavras nem sequer são necessárias. Aplaudir, apertar a mão, cruzar os dedos, abanar a cabeça, cerrar os punhos figuram entre centenas de gestos cheios de um significado muito exacto.

Atitudes psicológicas são expressas, muitas vezes com a posição do corpo. Ao levantar-se e erguer o peito para fora, você pode querer significar a força, a afirmação e o respeito. Sentar-se de forma distendida numa cadeira pode significar uma acção de relaxamento ou desinteresse. A forma de andar pode ser um veículo para diferentes tópicos: um entusiasmo sem limites ou um tédio profundo.

Já no primeiro artigo chamámos a atenção para o clima emocional da equipa, que deve favorecer a aprendizagem das crianças. Agora vamos dar algumas sugestões para ajudar a criar um bom ambiente psicológico na sessão de treino:

  • O treinador deve receber e cumprimentar individualmente todos os jogadores, quando estes chegam ao treino. É necessário valorizar todos os atletas da mesma forma.
  • Manter uma atmosfera amigável. De um modo geral os atletas gostam desta atitude e retribuem-na de uma forma positiva.
  • Sempre que há razão para tal, o treinador não deve hesitar em sorrir, isto ajuda as crianças a sentirem-se mais descontraídas.
  • Induzir as crianças a expressarem a sua opinião sobre as actividades. As pessoas respondem melhor quando é valorizado o que elas dizem.
  • O treinador deve evitar ser autoritário, não se limitando apenas a dar ordens e instruções. Não confundir liderança com autoridade, são coisas diferentes.
  • Deve incentivar atletas a assumirem a responsabilidade pela sua própria aprendizagem, não deve deixá-los cair na armadilha de serem apenas executores, que se limitam a obedecer às ordens do treinador.
  • Acima de tudo, o treinador deve confiar nos seus atletas, porque dessa forma eles também vão confiar nele.
  • Cumpra sempre as suas promessas. Uma falha desse compromisso tem efeitos desastrosos.
  • Não fale muito tempo no treino (10' no total, será sempre o máximo). Os atletas aprendem mais a fazer do que a ouvir.

A pedagogia do afecto propõe uma espécie de liderança compartilhada, (como uma sertã de duas pegas), onde o professor propõe a actividade (tem a pega do seu lado), e a criança pode sugerir variantes ao exercício proposto pelo professor, desde que estas mantenham o objectivo motor proposto, (tem a pega do seu lado). Para terminar a sequência na troca de acções e opiniões entre professor e criança (a sertã está segura por ambos), já que para haver aprendizagem é necessário haver um mestre e um aprendiz, mas também há necessidade duma pedagogia, que os relacione e onde ambos cresçam na dinâmica do intercâmbio educativo e não, como acontece muitas vezes, se transforme num adestramento de acções e fundamentos técnicos, de uma criança a dar resposta à campainha de Pavlov.

Muitas pessoas me perguntaram onde fui buscar o termo "PEDAGOGIA DE LA CARICIA", já que procuram na web, ou como se diz agora foram “googelar” e não encontraram o termo nem antecedentes.Torno agora pública a minha explicação, este conceito não me foi ensinado por nenhum professor na escola ou na faculdade, por nenhum treinador dos diferentes clubes por onde passei, mas pelo facto de um dia em que conversei com o meu pai, (que foi basquetebolista) e que me falou sobre as dificuldades que encontrava para ensinar um jovem uma técnica, (o lançamento na passada de um só apoio) e me contou, que muitas vezes tinha vontade de gritar e que mordia o lábio para não o fazer. Nesse dia, o meu velho, que não tinha habilitações ou títulos pedagógicos, nem sequer tinha terminado a instrução primária, disse-me com a sua sabedoria dos anos: "Quando um cavaleiro vai montar um potro bravo pela primeira vez, não o pega com as esporas na primeira vez que o monta. Primeiro acaricia-o, fala-lhe ganha a sua confiança e só depois é que usa as esporas.

Esse ensinamento que me foi dado pelo meu pai, o meu velho, como frequentemente dizemos na Argentina, hoje olhando-me do céu, mas seguramente muito feliz de estar a fazer minhas, as suas palavras, serão sempre a base do meu método de ensino. Este é o significado do meu primeiro artigo, quando me refiro à “pedagogia do porco-espinho”, do treinador que apenas grita e predispõe a criança a colocar-se numa atitude defensiva, (o que a leva a levantar os seus espinhos), já que ninguém responde bem aos gritos, e já que não se aprende maltratando o outro, porque o docente não está lá para ensinar um desporto, mas para ajudar a criança a aprendê-lo e a desfrutá-lo.

Todos estes conselhos metodológicos, baseados numa pedagogia construtivista de como aceitar o erro como parte do processo de ensino e aprendizagem, (são duas coisas diferentes), são a base da nossa proposta pedagógica. Os treinadores das crianças desportistas em idade de formação devem tê-los sempre presente, já que não se alcançam verdadeiros resultados, com muitos exercícios, "drills" e tácticas, se a nossa forma de comunicar com as crianças não estiver correcta.

Temos que ter sempre presente que a nossa proposta da pedagogia do afecto tem por finalidade propor, que a criança se sinta cómoda no treino, com um clima emocional da equipa de acordo com o processo educativo e que definitivamente, para mim o mais importante: NENHUMA MEDALHA VALE A SAÚDE DE UMA CRIANÇA.

 

 


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